terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Efeitos da lua

Nas noites claras, quando é lua cheia
Mil estrelas no céu, a acompanha,
De doce emoção, meu coração banha
Nos pingos de luz, que o vento semeia...

Embalando a flor que dorme e sonha;
Prateados fios que o sonho permeia
Brilha, reflete e a noite clareia
Na maciez das pétalas da fronha

Em que o sono das flores repousa;
E o meu coração nesta noite ousa,
Sonhar e recordar alguns afetos

Que se perderam nos tortos caminhos
Dos sentimentos sentidos sozinhos
Hoje já antiquados e obsoletos.

Camélia La Branca

Devaneios

Manhã de primavera e eu corria
Nos prados, à procura de uma flor
A mais bonita rosa eu colhia
Para lhe oferecer com muito amor...


Na história deste amor, a gente ouvia
O repique dos sinos em louvor
E em coro, a suave melodia
Que os anjos entoavam com fervor....


Ao longe aquela música ecoava,
Uma suave brisa anunciava
Hora de amar e o mundo esquecer.

Amor que no perdão sempre encontrava
Os caminhos da paz onde ficava
A ternura do nosso bem querer...

Camélia La Branca

Sereno Outono

Depois do sol ardente do verão
A brisa traz um canto de saudade;
Murchando já as flores sem vaidade
Jogando suas pétalas no chão.

Em volta tudo é paz, serenidade
Lá no horizonte paira a mansidão
Branca nuvem que dança em lentidão
No céu suave da felicidade.

No bosque de ilusões incandescentes,
Não queimo mais nas chamas tão ardentes
Prefiro a paz das tardes de outono

Sem me arriscar nas grandes tempestades
Encontro abrigo nas tranqüilas tardes,
Com anjos para embalar meu doce sono.

Camélia La Branca

Eterno brilho

O brilho tão distante das estrelas
Que vemos tão pequeno, mas bonito,
Belezas que não podemos contê-las
Pois sempre vêm e vão... lá no infinito...

Daqui, só conseguimos percebê-las
Em noite bem escura e céu bem limpo
E o brilho muitas vezes é de estrelas
Que não existem mais... há muito tempo...

Assim como o amor que nós sentimos;
Pode ser por pessoas que não vemos
Que passaram por nós e já seguiram...

Mas sua luz, ainda pressentimos
E sempre, este brilho, levaremos
Mesmo que como estrelas, já partiram...

Camélia La Branca

Saber ganhar e perder

Joguei tão alto não foi pra perder
Mas se perdi não vou desanimar
Outra oportunidade chegará
E quando vir, eu sei que é pra valer...


Quem entra em um jogo quer vencer,
Mas a derrota, nunca descartar,
Saber que o mundo não vai desabar
Se por acaso ela acontecer...


Agora, tenho um ponto em meu favor;
Com a experiência que ela deixou
Mais perto da vitória eu estou...


No jogo desta vida, o amor
É o mais importante ingrediente
Que garante a vitória, certamente....

Camélia La Branca
13/03/008

Tente

Não fiques triste assim, tente mudar
o mundo ao seu redor e seu caminho,
tire do seu jardim, cada espinho
procure outra semente, pra plantar.

Escolha uma canção que lhe agradar
melhore suas notas com jeitinho
nas rimas tente por maior carinho.
Encontre alguém que ajude a interpretar


A música da vida com amor
alguém que amenize sua dor,
aprenda novamente a sorrir!

Não leve esta tristeza em seus ombros
nem olhe para trás, para os escombros
vitórias te esperam no porvir.

Camélia La Branca

Flor da manhã

Flor da manhã se abrindo
Ao raiar de uma nova alvorada
E a luz do sol refletindo
Nas águas do mar agitadas.

Homens clamando aos céus
Numa prece por sabedoria
Eu desvendo por detrás dos véus
Inspirada em plena harmonia...


Fecho os olhos e vejo a imagem
Da chuva de prata caindo
Juntando a um lago a miragem
Do sol em tudo refletindo.

OS sonhos mais lindos tecendo
Seus fios dourados, brilhantes,
Ainda que em noite, escurecendo
Nas estrelas, promessas constantes.

Camélia La Branca

Leve sonho

Eu tenho um sonho leve como pluma
Que vem trazer-me paz em noite escura
Se por acaso o medo me procura
Vou por caminhos que meu sonho, apruma..

Sentimentos de amor e de ternura
Trago em meu coração sem dor alguma.
Não deixarei que o ódio me consuma;
Nem voltarei ao mundo da loucura..

Meu sonho é leve e meu amor é forte
Não há mais tempo pra jogar na sorte
Saio a procura do meu paraíso...


Se eu falhar, não vou matar meu sonho,
Além das nuvens há um sol risonho
O mesmo sol que lembra o seu sorriso.

Camélia La Branca

Instante

Buscando inspiração no infinito
Talvez numa galáxia bem distante,
Encontro uma rima tão brilhante
Que possa dar mais vida a verso escrito.

Se a felicidade é um mito
E esta nossa busca é constante,
Mas toda feita em ouro cintilante
Vislumbro entre nuvens, quando as fito.

Consigo imaginar em um relance
O ouro de uma estrela em meu alcance,
E num sorriso apenas, refletido...

Só que o instante passa tão depressa
O tempo, não há nada que impeça,
Nem faz voltar àquele instante ido.

Camélia La Branca. 14/01/008

Gratidão

Sentir gratidão por tudo ao redor
É estar reconciliado com a vida
Ter sempre uma mente agradecida
E a alma, transbordando de amor.

É ver beleza na pequena flor
Que enfeita a estrada envelhecida
Em sua caminhada, esquecida
Que nem sempre a olham com amor...

Um coração alegre atrai bondade
Atrai amor e paz, felicidade
Porque na gratidão, há alegria.

Ao invés de reclamar, agradecer
Pela oportunidade de viver
E sempre aprender a cada dia.

Camélia La Branca

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

FAGULHAS

Pequenas fagulhas,
Parecem , agulhas
Que vem nos ferir.
Buscamos ,alivio,
Para o mal [soberbo]
Que esta por vir.

Fagulhas malvadas.
Que crava no peito ;
Procurando um jeito
De nos machucar.
Muitas vezes, temos,que fugir
Para nos livrar!

A língua ,tem fagulha .
E como agulha,
Vem e nos embrulha.
pra nos derrotar
E preciso força para suportar

Esta mesma língua
A quem me refiro!
No ultimo tiro,
Ela pode fazer,
Uma guerra, acabar!!

Este pedacinho de carne
Que temos,
Faz parte do corpo
Que o senhor nos deu,
Porem só nos resta
Pensar pra falar !
E sermos tementes
Como manda um [DEUS]

Dirce Ramos da Silva

TEXTO - NEJINHO

A nossa família era unida a ponto de morar
todos pertinho! Porém um tio [JENEZIO] que tinha sete filhos,
cansou da roça ,e lá foi morar na cidade ,seu filho casula,
de doze anos era extremamente engraçado!Também se chamava
Genésio, e nos o chamávamos NEGINHO, e no vai e vem
da cidade, fez novos amigos.
Aprendeu uma única palavra em inglês, help ! que quer dizer socorro e claro!
Aos domingos as famílias, se encontravam na casa da minha vó.
Logo abaixo da casa havia uma matinha, ele ia ate lá, fazia uma fumacinha,
e ficava gritando, help, help isso ia longe.
Certa vez minha mãe já estava farta daquela situação,
pegou uma vassoura e disse .
E hoje que eu acabo co rerp daquele mininu, e lá foi furiosa
como estava ,acho ate que batia mas o NEJINHO deu no pé
Foi se esconder atrás da vó pra não ganhar umas vassouradas

VO MARIANA FRANCISCA DE JESUS
ESCUDO DA NOSSA INFANCIA

DIRCE RAMOS DA SILVA

ANACRETO UM BEBADO CONSCIEMTE!

Há muitos anos, quando eu era criança; conheci um senhor chamado ANACLETO ele era um alcoólatra consciente, ele e sua esposa dona, MARIQUINHA, nos finais de mês os dois colocavam o cavalo em uma pequena charrete, e lá iam para a cidade, isso era sagrado para ele.
Lá seu ANACLETO bebia tudo que tinha direito .
Dona MARIQUINHA era fraquinha,de baixa estatura, ao passo que ANACLETO ,era um mulato de quase dois metros de altura.
Ela sem saber o que fazer , colocava uma corda em seu pescoço e vinha puxando aquele enorme bêbado.
ANACLETO não incomodava ninguém, chegava em casa colocava-se de bruços em baixo de uma amoreira que havia na porta da sala e só saia dali quando passava a bebedeira !
Porem, mesmo quando estava embriagado, fazia questão de frisar, que quem bebe e fica violento, diz besteiras, agride aos outros esta usando a bebida como desculpa pra agir daquele modo.
Minha família tinha uma linda amizade com o casal. Porque, ANACLETO, trabalhador e honrado, a bebida só era prejudicial a sua saúde.
As crianças o amavam porque ele nos contava lindas histórias.

DIRCE RAMOS DA SILVA

domingo, 8 de fevereiro de 2009

SILÊNCIO

Ser só na multidão
Procurar o amigo que alenta o coração
Subir ao infinito
Buscando o próprio grito
Trazer a cura pra cegueira
Que afugenta a visão
Saber que mesmo distante
Onde quer que vá a alma
É sempre o abraço que volta...
Sentir mesmo sem ver
O que já está por perto
E certo e vivo, sem morte
Sem nada, sem hora
Senhora e dona do destino...

KRIS®

▲▼▲▼ 10 Minutos ▼▲▼▲

Alegria Súbita !
De repente o Mundo é Ótimo
A Solidão Humana não Existe
Eu sou o melhor de todos os humanos !
Qualquer Idiotice que for dita nos próximos 10 minutos

eU MoRReREi dE RiRrrrrrrrrrrrrrr !

Tristeza Mórbida !..
De repente o mundo é um lixo
A solidão humana toma conta de Tudo
Eu sou o pior ser que já existiu...
Qualquer verdade que for dita nos próximos 10 minutos

PARA MIM SERÁ MENTIRA!!

Pazzzzzzzzzzzzzz Alucinante !
De repente tudo está em branco
A Solidão Humana é uma pomba que voz no céu azul
Não sou tão bom mas não sou tão ruim!
Qualquer distúrbio que acontecer nos próximos 10 minutos

eu n ã o t o m a r e i co nhe ci men to....

ÓDIO ATERRADOOORRR!!!
De repente o mundo está em nuvens NEGRAS!!
A solidão Humana Aprisiona minha alma
Eu sou um Escravo do Capitalismo
Qualquer botão que for apertado nos próximos 10 minutos

EU MORREREI DEFINITIVAMENTE !!!!!!!!!!!!

Amor Repentino
De repente qualquer pessoa é maravilhosa
Eu tenho mil defeitos mas quem vê cara não vê coração !
Qualquer Idiotice, Qualquer Verdade,
Qualquer Distúrbio,Qualquer botão
Qualquer fase que eu atravesse

Será Universalmente

A.M.O.R

Alexandre P Kaffer

ADENTRE

Por que não abanca de vez em minha província?
Beba do meu leite,
coma de minha carne,
enfeita seu corpo com minha flor matutina,
ajeita seus passos em minha canção,
cubra-se com meu manto noturno de beijos festivos...
Será boa pousada!
Aproveita meu solo fértil,
acenda sua estrela neste céu do aconchego...
Leito confortável,
cheiro macio do vento que lhe rodeia a face
enquanto seus pés flutuam...
Estacione as mágoas em outra freguesia.
Venha nu!
Deixe as vestes da véspera lá...
No portal há um lago.
Lave o pó da caminhada!
Adentre livre,
Solto,
Só.
Aqui tem tudo o que deseja...
Será um rei,
um pássaro,
o homem!

(“Juleni Andrade”)

QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM

TENDO VISTO EU
QUE NÃO HAVIA MAIS JEITO
RECOLHI MEUS CACOS
E SOCORRI MEU SUSTO
TRANQUEI OS IMPULSO
SENTEI À BEIRA DO LAGO
A CONTEMPLAR O AZUL
MAS, O QUE ME ALEGROU
FOI O VERDE DOS SEUS OLHOS
SENTINDO TUDO AQUILO
PERCEBI A FALTA DE SERENIDADE
DO MEU COMPORTAMENTO
DIANTE DA AUSÊNCIA DE POSSIBILIDADE
POR MAIS QUE ACONSELHA A RAZÃO
FICO TENTADA À INSANIDADE
QUERO TOCAR SUA BRANCA PELE
A DISTÂNCIA ME IMPEDE...
VIVENDO AO LADO DO LAGO DA CALMA
COM A ÂNSIA QUE SE APODEROU DA ALMA
VOU LEVANDO OS DIAS
ENTRE MINHA CASCA TRANQUILA
E MINHA ALMA ENLOUQUECIDA
QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM
AOS MEUS APELOS

JULENI ANDRADE

Despedida

CYBER-DESPEDIDA
(Para Yêda Schmaltz, in memorian)

Yêda escreveu seu último poema
na paulicéia desvairada,
em um cyber-café.

Queria durar mais um pouco,
para dizer ao mundo
de seu alumbramento de viver
- mas lhe bateu uma isquemia esquisita
e nunca mais foi vista no Bairro Feliz
onde morava, na casa da poesia,
ao lado da casa do milho.

Brasigóis Felício

Labirinto do Ego

(Uma conversa séria)

Desde sempre estiveste comigo
Ao meu lado, dizendo ser amigo
Mas hoje vi o quanto estava cego
És um circulo infinito, querido Ego

Tão apavorado como uma criança
Por vezes deixou-me sem esperança
E teu medo que tanto me contagiou
Foi tão forte que minha alma chorou

O pavor que tens do novo
Não me deixa ver claramente
Fico como pinto que saiu do ovo
Ou amante sozinho, carente

Tu és o algoz de minha liberdade
O Minotauro, rei do labirinto
Que devora jovens, por maldade
Teu gosto é amargo, tal absinto

Mas eis que surge o herói, Teseu
Amparado por Ariadne, sua amada
Irá libertar-me deste denso breu
Mostrando-me enfim a Luz esperada

Duas forças unidas num objetivo
Quebram as correntes que me prendem
A força de Teseu te deixa inativo
A perspicácia e o amor de Ariadne te vencem

Quando enfim fores derrotado
Completamente da memória apagado
Fugirei das mesmices conhecidas
Estarei livre das velhas idéias carcomidas

Terei novo professor em nova escola
Será Deus o meu Grande Mestre
A Ele pedirei que me ensine e até adestre
Para que Suas lições sejam minha mola

Sairei deste Labirinto do Ego renascida...
Serei uma tábua rasa para a Vida
Com toda minha fé no Novo Professor
Aprenderei novamente o que é o Amor

K.chiabotto

PRETÉRITO IMPERFEITO - Dueto

Ah! Se ele soubesse ler a essência minha
Se soubesse...dispersaria a maresia;
Gotículas de amarguras, densa e fria
E aconchegando-me ao seu peito, diria:
- Serei navegante em seu mar, constante
.
Se eu lhe fizesse saber da carência minha
Se dissesse... concretizaria a utopia;
Respiraria vida pura, noite e dia
E entregando-me em seu leito, seria
A louca viajante desse amor, distante
.
Se ele pudesse perceber a ausência minha
Se pudesse... seria minha companhia;
E despiria a armadura, e sorriria
E me enroscando em seu jeito, faria
O amor embriagante sem cessar, rompante.
.
Ah...Se ele quisesse...Eu não seria minha
E se quisesse...Definitivo eu me despediria
Dessa arrogante senhora: Dona Agonia
Que me entorpece numa dor cortante
.
Se ele dissesse...Vem! Sê somente minha!
Se sussurasse meu nome...me lançaria
Na imensidão de desejos contidos; arderia
Nos seus laços-abraços; a alma entregaria
Levaria à eternidade a imagem desse instante

Lena Ferreira & Wasil Sacharuk

MUDO-ME - por Lena Ferreira

Mudo a cama
de lugar
Mudo a roupa
de corpo
.
Mudo o gosto
Da saliva
Mudo a razão
do rosto..
.
Mudo o tanto
de desgosto
Mudo
do canto
O coração
.
Mudo a palavra
da boca
Mudo
do mundo
A razão..
.
Mudo o discurso
Imundo...
Mudo o todo
Em vão...
.
Mudo
me
Mudo
.

Lena Ferreira
05/02/09

ABALO E CISMO

Abalado
Com a bala
Que baila
Na boca
Antes oca
Oculto a
Dor cravada
Na carne
.
Cismo; a bala
Sabor frio-doce
Da boca travou
Minha voz
Minha fala
.
Eu cismo e teimo:
No embalo que
A bala me acerta
Jamais perderia o
Alvo...Boca aberta
.
Meu crivo
(Res)guardo
Aguardo, invento
Um trauma
Um jeito
Agonia alada
.
No peito
Reflexo de
Minh'alma:
Rejeição
Calada...

Lena Ferreira
em: 05/02/09

Miragem...

Esse silencio que não se cala
E como éter evapora minha alma
Destilando saudade tão amarga
e ao mesmo tempo tão doce...

Saudade de uma paixão que me
Destrói e me recria todos os dias
Afastando-me da realidade...

Qual falcão em busca de sua presa
Mergulho na mais profunda câmara
De meu coração onde guardo esse
Amor sustento da imortal esperança.

Fito-me no espelho buscando tua
Imagem tatuada no fundo de meus
Olhos escondida atrás das lagrimas
Que a desfocam...
...Mas não a apagam.

Cássia Teodoro

Fugindo de Mim

Fugindo de mim,
entrei aqui e me encontrei...
Entre estrelas que brilham prá lá... do além...
Dos laços de amizades, que vão e que vem...
Sempre chegando e partindo ao apito do trem
E fugindo de mim mesma,
Descobri que não sou ninguem.
Os trilhos enferrujados pelo tempo que desperdiçei...
Sonhando com o corpo que nunca toquei..
O sabor dos beijos que nunca provei...
Sou estação vazia...
Com saudades do amor que nunca encontrei..
Caminhos entre idas,
ausências e voltas...
Pedaços de minha memória!

Cassia Teodoro

DESEJOS

QUERIA DESCOBRIR UM SÓ MANEIRA DE NÃO SENTIR DOR,
ASSIM EU SABERIA MIL MANEIRAS DE SENTIR AMOR,
QUERIA PRA LONGE PODER VOAR,
E PENSAR SE É MESMO TUDO EM VÃO,
QUERIA PODER CANTAR,
GRITAR BOBEIRAS SEM PRECISÃO,
QUERIA SABER MENTIR,
ENGANAR MEU CORAÇÃO,
QUERIA VOLTAR A SORRIR,
MESMO SABENDO DE TODA ESSA DESUNIÃO,

E MESMO QUE POSSA ESCREVER,
TUDO QUE TALVEZ EU SINTA,
E MESMO QUE EU QUEIRA AQUILO ESCUTAR,
NÃO QUERO QUE VOCÊ MINTA,

QUERIA DECIFRAR OS VERSOS,
DE POETAS QUE NOSSA ALMA TRANCENDEM,
QUERIA VOLTAR NO PASSADO,
E ENTENDER AS COISAS QUE NÃO SE ENTENDEM,
QUERIA VIVER,
SABER ONDE ANDE MEU CORAÇÃO,
QUERIA MORRER,
SE QUANDO EU FECHASSE OS OLHOS VOCÊ SEGURASSE MINHAS MÃOS,
QUERIA, EU NEM SEI MAIS O QUE QUERO,
PARECE BOBEIRA, MAIS A DOR EU VENERO,

E MESMO QUE POSSA ESCREVER,
TUDO QUE TALVEZ EU SINTA,
E MESMO QUE EU QUEIRA AQUILO ESCUTAR,
NÃO QUERO QUE VOCÊ MINTA

Cássia Teodoro

TEMPO!!!

QUANDO HÁVERA TEMPO PRA VIVER,
E QUE TEMPO É ESSE QUE VAMOS PERDER,
EU NÃO SEI POR QUE,
HÁ TANTA SOLIDÃO, NO AR,
E QUANDO ESSE TEMPO PASSAR,
SERÁ TEMPO DE SER MAIS FELIZ,
EXISTE COISAS QUE A VIDA TIRA DE NÓS,
PRA REALMENTE NOS PERTENCER,
E UMA DESSAS COISAS EU PRECISO PERDER,
E VOCÊ SABE O QUE,
É ESSE TEMPO QUE QUER ME VENCER,
TENTANDO ME DIZER,
COISAS QUE NEM SEI PORQUE,
HÁ TANTAS NUVENS NO CÉU AGORA,
E ESSAS NUVENS QUE FECHAM O TEMPO,
LEVANDO O SOL EMBORA,
E ESSA É UMA BOA HORA,
PRA LEMBRAR DO TEMPO QUE AINDA NÃO PASSOU,
"O TEMPO TUDO CURA", UM POETA FALOU,
ESPERO ENTÃO ESSE DOUTOR,
MAIS JÁ FAZ TEMPO E ELE AINDA NÃO PAROU,
EU SEI, QUE EXISTE O TEMPO CERTO PRA TUDO,
E AS PEDRAS QUE ESTAVAM EM MEU CAMINHO,
SE MOVERAM SOZINHAS,
BOM É O TEMPO EM QUE VIVEMOS SOZINHOS,
POIS NÃO PRECISAMOS DESSA SOLIDÃO,
QUE FAZ DE UM DIA DE SOL,
UMA COMPLEXA ESCURDÃO,
QUE ATÉ PODEMOS ENXERGAR,
PRECISAMOS DE SONHOS,
QUE NOS FAÇA ACREDITAR,
QUE AINDA É TEMPO PARA SERMOS FELIZES...

Cássia Teodoro

VERDADES

NÃO É PRECISO SABER QUEM EU SOU,
NEM AO MENOS VER O SOL DORMIR,
QUEM QUASE PERDE, NA VERDADE NUNCA GANHOU,
E QUEM SEMPRE GANHA, NÃO SABE O QUE É SORRIR,
É TÃO DOCE A VOZ, QUE QUASE POSSO OUVIR,
E TÃO MACIA A PELE QUE EU NÃO POSSO TOCAR,
VOCÊ APRENDEU A VOAR, MAIS NÃO APRENDEU A CAIR,
É TÃO FACÍL A VIDA QUANDO NÃO PRECISAMOS AMAR,
MAIS QUANDO EU ACHO QUE ESTOU QUASE ENTENDENDO,
EU PERCEBO QUE ALGO TENTA ME ENGANAR,
E EU FINJO QUE ESTOU MESMO QUERENDO,
MAIS NÃO É PRECISO SABER VOAR,
PRECISO VIVER, QUERER CANTAR,
NÃO QUERO CORRER, POIS ACHO QUE NÃO VOU CHEGAR,
É TANTA DOR, E UM SIMPLES SENTIMENTO,
MEU CORPO ESTÁ TÃO FRIO, MESMO COM ALGO ME QUEIMANDO POR DENTRO,
MEU ORGULHO FUGIU, MINHA TIMIDEZ SE ESCONDEU,
QUANDO VOCÊ SORRIU, MEU MUNDO SE PERDEU,
AS COISAS LINDAS QUE EU PODIA VER,
DERAM LUGAR A ESSA DEPRESSÃO,
QUE HOJE APENAS SINTO SEM PODER VER,
NEM SEI MAIS SE TENHO CORAÇÃO,
A ALEGRIA AGORA É UM CANTO MUDO,
NÃO QUEIRA NUNCA OUVIR,
SE EU FOSSE FELIZ NEM QUE SEJA POR UM SEGUNDO,
TALVEZ EU CONSEGUIRIA SORRIR,
MAIS A SOLIDÃO É TÃO BENEVOLENTE,
UM ETERNO MARTÍRIO,
QUE VOCÊ NÃO GOSTA QUANDO SENTE,
MAIS AOS POUCOS SE TORNA UM VÍCIO,
ENTÃO EU ME LEMBRO DE VOCÊ,
UM CORPO PERFEITO, UMA ALMA PERFEITA,
GOSTARIA DE ESQUECER,
MEU CORAÇÃO ESTA COM DEFEITO, E VIVI A ESPREITA,
A ESPERA DE UM AMANHÃ MELHOR...

Cássia Teodoro

Sonhos...

Me perdi em um jardim,
Onde haviam lindas rosas vermelhas.
Beleza que encantava os olhos...
Perfume que envolvia.
Era um paraíso,
Um Reinado de Sonhos...
De repente senti uma dor...
Passei as mãos em meus braços
E eles sangravam e ardiam...
Olhei em minha volta,
E percebi que
As rosas podem formar
Um lindo jardim chamado paraíso,
Que encanta com sua beleza e perfume...
Mas não podem deixar
A companhia de espinhos,
Que ferem a pele
E deixam cicatrizes.
As rosas secam
E os espinhos sobrevivem.
Esse reinado de sonhos
É frágil...
As rosas têm que ser regadas
A todo instante, de esperanças e amor.
A imortalidade desse reinado de sonhos
Existe...
Basta saber a maneira certa
De Cultivá-los.

Cássia Teodoro

Um Pôr de sol no Arpoador

Ele tem em seu brilho uma magia
Sua tez entorpece, hipnotiza
Vejo em teus raios uma alegria
Lembra-me o sorriso da poetisa

Um rubro quase laranja
Que invade o céu
Tímido, belo, esbanja
Uma beleza doce como o mel

Inspiração para tantas melodias
Tantos amores que dali brotaram
Uma aquarela ao final do dia
Comovidos os pássaros cantaram

Luz que irradia o mar
Que doura as musas da areia
Que incita a beleza de amar
E vagarosamente dá lugar a lua cheia

Sérgio Murilo

Memória vã

Brasigóis Felício

Alguém veio tentar me vender um aparelhinho apequenado, quase do tamanho de um mini-celular. Foi dito que o dito é capaz de acumular a memória de toda a cordilheira dos Andes, com tudo o que nela existe ou vive, e mais toda a altura e quadrante do Everest.

Algo nunca dantes criado, um poder quase divino, em matéria de memória rã. Agradeci e, de fininho, fui tirando meu semblante do recinto. Não tenho tanta informação a memorizar. Do que mais ando precisando é de deslembrar da minha memória vã.

Bom é saber que não tenho nada a esconder ou a temer/no meu baú de guardados/e a cada dia quero mais esvaziá-lo. Vivendo o dia presente, sem me perder em cuidados quanto ao que não existe. Megabytes à parte, quero estar bem com as pessoas boas, e comigo – pois a vida é passageira, e “não para no porto/não apita na curva/não espera ninguém/”.

Um triste amor

No espaço reinava a estrela,
Não tinha quem não visse a sua beleza.
Tristemente brilhava cheia de encanto,
Pois a noite escondia seu pranto.

Não havia sóis,
Não havia luas,
Não havia nós,
Nem recordações suas.

Perdida na imensidão,
Morreu de tristeza
E o infinito engoliu
Toda sua beleza.

De que adiantou ser assim,
Brilhou sempre na solidão
Acabando no fim,
Furtando-se as doçuras do coração.

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 07/02/2009
Código do texto: T1426642

Eu e o tempo

O relógio marca o tempo no compasso das minhas emoções. Quando tudo está bem, o tempo faz o seu papel. Mas quando está mal, ele é lento e traiçoeiro, mesmo nunca mudando... São as minhas emoções que fazem uma leitura diferente.

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 06/02/2009
Código do texto: T1425198

Eu e você


Vesti-me de paixão
Perfumei-me com desejo
A pele tornou-se o cetim,
Único tecido cobrindo a mim...

Tornei-me o descanso para seu corpo,
O abrigo para sua alma,
O refugio dos seus medos,
Onde você guarda seus segredos.

Você explora meus caminhos,
Frágil me torno com seus carinhos
Choro sorrindo da dor
Meu gemido é um grito de louvor.

Seu universo invade o meu espaço,
Eu me entrego sem pudor,
Nem sei mais o que faço
Somos a essência do amor.

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 06/02/2009
Código do texto: T1424599

Por causa de você

Despida de você,
Fico nua com minha dor
Perco-me na solidão
Em retalho transformo o amor.

Mil pedaços de mim,
Jogo ao vento
Buscando o fim
Para este tormento.

Torno-me nada,
Sem alma, sem caminho.
Com asas quebradas,
Sou pássaro em busca do ninho.

Morro um pouco a cada instante.
Da vida a dor da despedida,
Na alma um misto de medo e alegria,
A existência perde a magia.

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 04/02/2009
Código do texto: T1421258

Que o amor seja perdoado

Perdoe-me por tanto amor que deixei crescer em mim
Sem antes pedir se me permitias te amar tanto assim
Ousei sonhar contigo todos os momentos desses dias
Ainda que não fosse eu a despertar as tuas alegrias

Em minha doce fantasia me sentia parte de tua vida
Cantarolava ao sol numa louvação à simples magia
De te ter um pouco ao acreditar ser por ti querida
Cultivei ilusões muito além do que a realidade dizia

Levo um riso colhido de teus lábios e então me refaço
E sempre que a chuva insiste em escorrer na vidraça
Vejo nas gotas o brilho desse amor que nunca passa
Perdoe-me, ainda me entrelaço imaginando o teu abraço

Rosi

Contemplação

E então fiquei ali durante horas
Olhando as paredes descascadas
Desprendendo lascas do tempo
Ouvindo o estalar lá de dentro
Rangia o vazio em frestas rachadas
Veio um arrepio de tristeza e medo
Ao passar os dedos naquelas cascas
A pele se abria em muitas marcas
No escuro, a solidão fazia sua dança
Sem a sombra do que já foi esperança
Nos cantos, as lembranças desbotadas
E na alma (só) as saudades derramadas

Rosi
Em:28/01/2009

Se a lua falasse...

Comecei a rabiscar um poema
Tentando descrever cada cena
Se acaso um dia você voltasse
Foi então como se a lua falasse

Nasceriam flores no chão árido
Haveria alegria no canto escuro
O brilho iluminaria o rosto pálido
Pois o recomeço seria o futuro

E sentiríamos a flor e a pele
Num encontro ao sabor de nós
Permitindo ter de um jeito leve
O melhor de nosso riso a sós

Mas a vida não nos quer assim
Tropeçamos em tantos defeitos
Somos puros seres imperfeitos
Não sou fada, nem és querubim

Ah! Já nem sei mais o que pensar
Levo lembranças como o próprio ar
Olhando o teu mundo sem nele estar


Rosi
Em:24/01/2009

Um belo enredo!!!

Uma rima é como uma flor,
Encantando com magia
As somatórias do seu amor!
Suavizando nossos beijos,
Nesta apreciável harmonia!!!

Assim sinto o cantarolar do vento,
Ao balançar a folha... No arvoredo
Lendo a doçura do seu pensamento!
Com toda meiguice...
Em um belo enredo!!!

By Edivar poeta!!!

A caso

Se a caso lembrar de mim,olhe para o céu estrelado,
que neste momento,estaremos unidos em pensamento.
De um suspiro profundo,contate_me em melodia,estarei a seu lado,
vivo e respiro seu nome,por mais que não queira neste momento.

O firmamento brilha,refretindo o meu grande amor,
é um momento de saudade e dor,inacabável.
Promessas foram em vão em meu coração,é produtor,
de sonhos e fantasias,dia a dia é inevitável.

Não me deixe esperando tanto por ti,de amor ainda não morri,
mas sinto que meus dias,são de solidão nessa longa espera.
Conto a todos da minha tristeza,contigo longe daqui,
continue a viver por saber que nunca deixarei de amar você.


Justina de Oliveira
em 06/02/2009

O futuro da humanidade

Quanta miséria nesse mundo
Uns tem muito, outros não tem nada
Falta comida, falta segurança
Falta a educação e a saúde
Qual será o futuro da nova geração?
Não podemos prever, apenas ter fé
O que vemos no decorrer da vida
É que o mundo jaz no fundo do poço
Que caminha para a perdição
Que a humanidade não tem salvação
Mas é um terrível engano
O coração do ser humano é do bem
Vive acreditando na vitória
Que é capaz de vencer obstáculos
Pois a luta é silenciosa, e o céu é pra todos
Não importa quanto tempo viveremos
O que queremos é aprender com os erros
E ver o sol brilhar, e no raiar da madrugada
Acreditar que o futuro da humanidade
Colherão frutos com grandes possibilidades.

By Felicity
Em 04/02/2009

Engano...

Caminharei pelas manhãs de minha alma nua
Quando acordar de minhas noites insones
E lembrar-me dos sonhos que não tive
Buscando a noite quando o sol empresta seu
Brilho a lua que encanta aos amantes

Subo ao palco, onde exponho minha tristeza
Na platéia uma cadeira vazia, sob a qual escondo
Um coração que dói, uma esperança que some
No saltar das horas de uma saudade que aposta
Que não consigo te esquecer

Esgueiro-me sonâmbulo pelos becos das lembranças
Tecendo planos de um amanhã onde não te vejo
Passeastes por meu coração como em férias a beira mar
Espalhei flores no caminho para perfumar teus pés
Encantei-me com teus beijos, me hipnotizei em teu olhar

Não faz tanto tempo
Acreditei que era para sempre
Levei-te alem de meus limites...
...Enquanto você apenas brincava de amar

(AlexSimas)
Em 4/02/2009

AlexSimas...


Foi um poeta que falava de borboletas
Jardins e primaveras
Deslizava em arco-íris
Acreditava em príncipes
Que conversam com raposas
Cultuava rosas
Louvava plenilúnios e solstificios

Foi um poeta que viveu
A fantasia de sua escrita
Um amor sem medidas
Um poeta que penetrou a poesia
Pensou que a luz refletida pela lua
Era a de seu coração que um dia
Uma musa acendeu

Foi um poeta que viajou
Nas folhas soltas de outono
Sentiu a caricia do vento
Abraçou o mar
Cantou com sereias
Plantou muitos jardins
Ansiando uma única borboleta

Foi-se o poeta mortalmente ferido
Totalmente consumido
Na chama do amor que alimentou
Com versos e prosas, paixão e verdade
Foi pleno, intenso, cúmplice...
Entregou seu maior tesouro...
...Seu coração de poeta

Recebeu por troco...
...Sofrimento e dor

(Alexandre Costa)
Em:08/01/2009

POLITICÃO

Zébeto Fernandes

Pelo sim pelo não vários caminhos ao chão
Decido o vão que vem e que vai ao coração
Cada porta um horizonte se abre ao meio
Vida vai girando a lua na rua do saco cheio

Mais uma passeata exigindo um bufão
Greves de comunhão querendo perdão
A moça com uma estrela presa ao seio
Multidão pisando nuvens pelo passeio

O país não muda a surda fala de corrupção
Povo doente no desemprego da educação
Violência na perdida bala achada no recreio

Botam um tapume onde a ética seria esteio
Só a política do deixa disso onde eu leio: cão!
Maltrata a vida pra salvar o crédito no sermão

Em 05/02/2009

TEORIA DA DESGRAÇA

Zébeto Fernandes

A cada verso que faço trovas
A vida me cobra todas provas
Buscas o enigma das palavras
No fio da faca que me cravas

Recorro ao poema que não fiz
Corro as linhas em pó de giz
Morro areia com mar em cheia
Escorro amor perdido na veia

Desejo ardente de necrofilia
Apertem o pescoço em asfixia
Arrastem o corpo até o gueto

Só depois determino o soneto
Doe cinzas aos quatro ventos
Morte a todos os sentimentos

Comentário Planetário

Zébeto Fernandes

A chuva fina
bebe a saudade da gente por trás da cortina
Muda o cenário
do verde sem o canto do canário
Molha o pensamento
do que queremos levar ao vento
Cala o grito
do trem que não vem apito
Refaz a dor em mil gotas
caidas de minhas garotas
Chove serpertina
serpente venenosa do clima da hemoglobina
Encharca o mundo
de lágrimas de um coração vagabundo
Turva o que vejo antes do trovão
a trova temperada de lava de um vulcão
Parede de chuva de rima
derrame seu gozo em mim por cima
Pedaço de minha miragem
deixa na saudade a doçura de tanta imagem
Não pare de derramar
teu amor pela terra que vem do ar
Continue deitada mesmo vindo em pé
muda o ser pelo que apenas é
E desça as escadas
role pelas sacadas
Torça as calhas
espalhe as tralhas
Encha os bueiros
quebre os pinheiros
Transborde o rio
nos faça afogar de frio
Inunde as cidades
mergulhando nossas saudades
Chuva fina seja forte
é o amor na hora da morte
Chove a causa em chave do comentário
transforma choro em dilúvio planetário

Em:06/02/2009

Cólica renal

Zébeto Fernandes

Há uma pedra no caminho do rim
Feita à tristeza no fio do fim
Retorço dorso na ponta da faca
Zigue-zagueio em rodas de maca

Dor de pedra por dentro de mim
Explode estrela por meu jardim
Flores em chá de mui esperança
Mói a farpa de rocha sem dança

Corpo sem prumo perde teu rumo
Sem posição espreme nosso sumo
Coca cólica renal faça matéria

Peço pra dor o amor à pilhéria
Pedra do caminho óbvio ao rito
Deixe-me sóbrio no ébrio grito


Métrica virtual:
Cada verso com 30 toques
Em:06/01/2009

Primeiro Beijo

Zébeto Fernandes

O leve toque bilabial primeiro
Perfume real leve-me ao cheiro
Mão inquieta bulina por desejo
Ouço os sons loucos de realejo

Coração pulsa acelerando rítmo
Boca de fome em momento íntimo
Meu pensamento perderá a razão
Na imaginação,frenética emoção

Sonho o prazer em puro deleite
A realidade a ser mero enfeite
Vivo o pingo de suor que brota

Imenso mar dessa nau sem frota
Carne náufraga por alguma ilha
De amor no corpo sem armadilha


Métrica Virtual:
Cada verso tem 29 toques
Em:06/01/2009

PERDÃO AO POETA

Zébeto Fernandes

Aos pedaços de amor
Que doastes para a dor
No passar do tempo a passatempo

Descubro na imaginação
O sentimento da paixão
Do poeta de versos diversos ao vento

Beijando as saudades
De sonho em realidades
Clamando a falta de lábios na ribalta

Na boca de cena o perdão do adeus
Que a flores deu o colibri
Onde fores cinquenta, bem te vi

Não há perdas nem perdão
Beijos não se cata no chão
São pétalas que dão frutos aqui

Se visses ao olhar para trás
Sentirias o caminho todo de paz
Que deixa a pegada do poeta de beijos

Das hortências às margaridas
Das rosas aos perfumados jasmins
Trouxestes o gosto de tantas vidas

Poeta não perde por perdão
Nem pede a si mesmo permissão
Rouba emoção do adeus sem fim

Perdão só peço a mim mesmo
Por te comentar perdão em poema
Das perdas da língua sem trema

Em:06/02/2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Bons dias

O melhor bom dia é o seu sorriso.
Traz a melodia do amanhecer.
E minha alegria é o seu suspiro,
pedaço do céu, gota de prazer.

Quando nossa carne arde, se mistura,
sempre é boa tarde, tarde gostosa.
Quando você parte no pôr-do-sol,
deixa seu suor, perfume de rosa.

Noites sem você são noites sem Lua,
tão frias, sombrias, tristes, vazias.
Estrelas no céu, estradas sem fim,
amanhã e depois são outros bons dias...

(no intituled)

Acordei com um gosto de sangue na boca.
Pesadelo talvez, outro sonho qualquer.
Minha cama sangrava, minha voz meio rouca.
Eu sonhei novamente, macabra mulher.

O seu nome? Não sei. Onde mora? Não sei.
Só me lembro do olhar. Tudo mais, desconheço.
Foi paixão, um desejo. Sofri, mas amei.
E sonhar outra vez com você não tem preço.

Outra noite, refúgio pra mim que desejo.
Vou dormir e sonhar. Fecho os olhos, deliro.
Devaneios são fugas. Viajo, lhe vejo.
Se sou louco, não sei. Por você, eu me inspiro.

Mas desperto, sou triste, me perco, me afasto.
Minha dor, este mundo; meu lar, mil torturas.
Só sobrou solidão, sentimento nefasto.
Mas meu sono, prazeres; meus sonhos, loucuras.

um ghazal

Viver sem sonhar é suplício.
Um sonho sem fim são miragens.
Sonhar acordado, delírio;
A vida, estranhas passagens...

Poemas, palavras exatas
que trazem conforto e carinho.
Sigo sozinho em meus versos;
caminho por novas paragens.

Se vim percorrer horizontes,
achei meu destino distante.
Matei minha sede na chuva.
Em transe, mirei mil paisagens.

Num êxtase, sinto seu beijo
e, trêmulo, sou todo seu.
Na cama, no chão ou na água
me faz só querer sacanagens.

E tudo tem fim e termina;
O tempo, senhor implacável.
As horas se vão tão depressa;
viver, uma curta viagem...

Fundo do mar

Mais um dia trancado no quarto...
O meu tempo, eu gasto relendo
velhos livros perdidos na estante.
Das leituras, porém, estou farto.
Os mistérios do amor? Não entendo...
Felicidade? É só um instante...

Compreendo as razões desta dor
de estar só, viver só, nada mais.
Sinto falta de beijos sinceros.
Mas então me restou um dissabor
das lembranças deixadas pra trás
por trazer sofrimentos severos.

Hoje resta-me o quê? Ilusão?
Bebo vinho se estou sedento;
Fecho os olhos se quero sonhar.
Mas, se sofro dos males da paixão,
é você neste meu pensamento,
e meu corpo no fundo do mar...

Vale nada

Meu amor não vale nada;
é uma página virada,
amassada, rasgada e queimada
que ninguém quis ler.
É uma piada sem graça,
minha própria desgraça,
um brinquedo quebrado no meio da praça
onde uma criança veio a falecer.
Está perdido em algum lugar;
no fundo do mar
ou na mesa dum bar
onde só eu vou beber.
Meu amor é carente
E, quando diz que não sente,
Mente descaradamente
Que não doeu lhe perder.

Esqueça

Sei que vivemos de lembranças,
mas tudo acaba, tudo passa.
Se nós crescemos, fomos crianças;
o tempo traz nossa desgraça.

Jamais reconte, nem reaqueça,
Não lembre mais da triste história.
Por isso, peço que me esqueça;
não viva mais esta memória.

Peço que apague meus recados;
não vá guardar nada de mim
_dias que não serão lembrados,
pois tudo some, morre enfim...

Miseráveis

Pivetes, prostitutas e mendigos
são três crias da miséria urbana.
Nossos olhos só os vêem como inimigos;
quem diz não ter culpa se engana.

Os primeiros são rebentos bastardos,
o subproduto da humanidade.
Entre eles, há brancos, negros e pardos
_todos ainda na flor da idade.

As outras vendem um mísero amor,
algo que elas muito pouco tiveram,
e não sentem o mínimo sabor
na função que suas vidas lhe deram.

Aqueles que vivem da mendicância,
cuja visão nos provoca ojeriza,
talvez sofram desde a tenra infância
uma dor que só a esmola ameniza.

Seus destinos são geralmente incertos;
para eles. seus corpos são cárceres.
Só ficarão finalmente libertos
quando a morte os transformar em cadáveres.

(no intituled)

Conheça a paixão, uma estranha chama.
Em seu coração, maléfica trama.
conheça o desejo, um relampejo
que sempre termina fulgaz na cama.
Mas jamais esqueça a sua vontade,
ímpia cortesã de cuja má fama
qualquer homem guarda certo temor
pois tolos, por ela, chafurdam na lama.
Tornam-se imbecis, viram animais.
Regridem a bestas que comem grama.
Mas também sou vítima, eu bem sei,
pois me entrego fácil, formosa dama.
Sou avassalado, escravizado.
Bela servidão: eu sirvo a quem me ama...

(no intituled)

Hoje rezei, falei Contigo.
Rezei aos céus, pedi um amigo.
Na solidão, vou encontrar,
dentro do bar, cevada e trigo.
Nada mais peço, eu confesso.
e, se estou só, eu nem mais ligo.
Uma caneca e outra mais,
estou mais calmo, já nem mais brigo.
E, no meu canto, vou brindar.
Se encontro a paz; a paz, eu sigo.
Se quero mais, nada mais fiz.
Eu que não quis nenhum amigo...

Suspiro

Nesta noite, deitado num mármore
mais gelado que meu coração,
eu lembrei, bem debaixo duma árvore,
que você segurou a minha mão.

Nesta noite, olhando pro céu,
Eis que a Lua, mudando de fases,
indicou: comerei pão com mel
e terei, nesse corpo, meu oásis.

Onde são seus cabelos mais crespos?
Seu suor muito mais refrescante?
Cada gota, sabores mais frescos;
logo então nos tornamos amantes.

Nunca tento entender, sei de nada,
e por que, ofegante, transpiro?
Só lhe quero mulher, minha amada.
Vem, me beija, me traz um suspiro...

Ojeriza

Vivo entre estas sórdidas criaturas
desde o momento do meu nascimento.
O que sinto por elas é a mistura
de dois antagônicos sentimentos:
ora é só compaixão e pena;
ora (sinto repulsa só em pensar)
tenho uma ojeriza que me envenena
sem, no entanto, conseguir me matar.
Para eles , a soberba é vital,
e veneram os deuses da opulência
moldados num círculo de metal
onde a fé é asquerosa na essência.
Pra mim, são uma corja de imbecis,
sejam ricos ou miseráveis.
Chamam de cidades os seus canis
e de prazeroso, os bens rentáveis.
Basta olhar para esta raça besta,
autodenominada raça humana,
Para entender sua sina funesta
de buscar uma alegria mundana.
Mas, ao descrever tudo isto agora,
rezo que minha caneta não minta
ao dizer que, como os monstros de outrora,
a humanidade também será extinta.

Final trágico

Dentro de mim, há uma lacuna, um vazio.
Falta-me paz no coração. Nem mais sorrio.
Fora de mim, as minhas mãos buscam as suas.
São como gotas que, do céu, lavando as ruas,
se tornam lágrimas.

O meu caminho, você sabe, não tem fim.
E peregrinos se perderam donde vim
bebendo vinho ou em pecado, eu não sei.
Eis meu convite: vem andar por onde eu andei
_ rotas de lástimas.

Rotas sem volta, vou seguir caravanas.
E vou vagar, correr, fugir pelas savanas.
Irei buscar, achar você desconhecida
magia, única razão da minha vida,
doce alegria.

Se sou feliz, felicidade passageira,
esse momento, vou guardar a noite inteira
até dormir, pois vou sonhar insatisfeito
com um sabor de quero mais dentro do peito
que fantasia...

É fantasia, devaneio, sonho louco!
São tantas coisas! É querer tanto e tão pouco!
Estou confuso, delirante, perdi o rumo.
Mas, assim mesmo, obtenho o supra-sumo
dum prazer sádico.

Se desconheço, são os desígneos divinos.
Ignorante das certezas dos destinos,
de cujos signos jamais vou me lembrar,
leio os meus versos, que eu sei, vão acabar
num final trágico.

?

Algo estimula meu raciocínio,
mas que não é nenhum problema.
Tem sua beleza e seu fascínio.
Decifra-lo é mais q um dilema.
É uma perigosa aventura,
porém tudo me fala”Não tema!”.
Tentar não me parece loucura.
Falhar feriria meu orgulho,
mas fugir causa mais amargura.
E, como caindo dum mergulho,
eu sinto um vazio na barriga
idêntico à lombra do bagulho.
Esse estranho mistério me intriga.
Peço que responda quem souber.
Mas ninguém sabe, então me diga,
se conclusões certas não houver,
sempre serei um pobre mortal
a enamorar-se por uma mulher?
Essa questão não é fundamental,
porque remete somente a mim.
Questiono além do normal,
pois, todos os momentos, sem fim,
reflito distante da razão
se, de fato, tudo é assim.
Há solução? Não há solução?
Diga-me por que em cada pergunta
há sempre um ponto de interrogação?

Peixe bebum

Foi na alcova, onde a carne se inquieta,
que murmurei aqueles toscos versos.
Você me beijou; sussurrou “meu poeta”,
e, num êxtase, ficamos imersos
por um tempo infinito.

Quedei pela beleza do seu rosto;
Eu fui levado à miséria e à ruína.
Sozinho, chorei como um rei deposto,
um maldito que completa sua sina
sem dar, se quer, um grito.

Sei; é saudade!dizem que isso passa.
Mas não passou; sinto muito sua falta.
Eu, pobre homem; você, mulher devassa
_casal cujo desejo sobressalta
hábitos imorais.

Porém, nesta noite, mais uma vez,
em seus lábios matarei minha sede.
E, já saciado por esta embriaguez,
como um peixe bebum que jaz na rede,
morro querendo mais.

Febre

Há um estado febril; muitos chamam de amor.
No começo, se sente em total euforia,
um misto de delírio, êxtase, torpor,
febre quente, insônia, suor, letargia.

Mas, se a febre tem fim, eis que o amor não tem cura.
Padece o coração. Cedo, o corpo definha.
Fica a dor, o desgosto; há tanta amargura,
somente a ilusão de que nada se tinha.

Sem apetite, magro e fraco, nada come.
sem sorrir, ele, de olhos secos, nem mais chora.
E pálido, anêmico, morre de fome.
Sua alma some, segue em frente, vai embora.

Pobre do homem que amou demasiadamente!
Rezo pelo funesto ser que agora jaz,
pois sofreu, foi servil, ingênuo e inocente,
e seu erro fatídico: amou de mais...

Fornicações

Às vezes, por um sentimento perverso,
a minha mente é tomada.
Então, se torna maior que o universo
essa idéia que vem do nada.

Indefeso tal qual um réu confesso
invento logo uma desculpa.
Porém , bem sei que tenho culpa
e uma nova chance é o que lhe peço.

Aí meus olhos teimam em fitá-la!
Quero dar-lhe um beijo na boca,
usando minha língua louca,
para dizer-lhe o que a boca não fala.

Ouça se, de fato, quiser
pois, por mais que eu tente, jamais consiga
olhar uma bela mulher
desejando-a somente como amiga.

Beleza

Beleza feminina, licor delirante que eu adoro beber.
Embriagado, deixo a mente ir distante, um favor ao prazer.
É sobrenatural o desejo que desperta na mente dos ingênuos.
Mistura o bem e o mal por veredas incertas de lugares serenos.

Nem tudo na beleza, porém, é idílio; seu sabor nos vicia.
Vem e apaga as lembranças dos anos de exílio tristes, sem alegria.
Traz desgraças, aparta marido e mulher.
Joga pai contra filho,irmão contra irmão.
Nem amigos sequer vem lhes poupar o delírio
que brota dum rosto bonito e faz escapar a razão...

nunca mais...

Mais um dia, eu sei, se perdeu,
e esta noite atravessei um deserto.
Fui sozinho, o nada e mais eu,
num caminho de fim tão incerto.

Mais um dia se foi sem lembranças.
Passou rápido, triste e maçante.
Em seus nós, suas tramas e tranças,
o destino durou só um instante.

Hoje, restam-me páginas pálidas,
um caderno de folhas em branco.
As memórias não são fotos cálidas;
são feridas, ruim desencanto.

Aprendi, vou viver o presente,
sem lamentos, nem choros ou lástimas.
A tristeza faz o homem doente.
Nunca mais vou verter minhas lágrimas.

Nunca mais...

Nada

Neste poema, não vou falar do amor,
nem da saudade, nem da angústia que tenho.
Nada a dizer, nada de novo pra por,
nem pra falar da cidade donde venho.

Não cantarei o belo brilho da Lua,
nem das estrelas, nem do Sol, nem de Vênus.
Não haverá versos mal cantados na ruas,
sem sentimentos, nem mesmo os mais plenos

Nada direi sobre o aroma das rosas,
nenhuma frase, nem palavras em vão,
nem da beleza das mulheres gostosas.
Nego também qualquer ardente paixão.

Este poema, meu tão caro colega,
o que dizer desta obra mal acabada?
Nega e renega, mas no final se entrega
que eu, simplesmente, nunca quis dizer nada.

(no intituled)

Eu vi rochas virarem areia,
o nascer e morrer de cada astro,
das estrelas e sua poeira
aos cometas sem pista nem rastro.

E vi o sonho virar realidade
bem na mão do maior dos artistas
e a mentira tornar-se verdade
no cabal linguajar dos sofistas.

E do amor, da saudade do lar,
toda música, vim e cantei.
Das antigas canções de ninar
às de guerra, de cor também sei.

Algo há na mudança das eras.
Vi surgir mais de mil gerações.
Foram dez vezes cem primaveras,
mil outonos, invernos, verões.

Hoje sofro um pesar tão profundo.
Nada fui, nada sou, nada tenho.
Pedirei meu exílio do mundo;
minha dor caberá num desenho.

Mas no fim, o animal mais indócil,
mesmo a besta ou o bicho mais manso,
só será reles mísero fóssil,
e tranqüilo terei meu descanso.

O meu karma...

...tem sua mão mal deformada
que, desenhando de maneira desumana,
desenha, embriagado por loucura ufana,
a sedução em forma de carne molhada.

o meu karma bebe pela vida paisana
e se entorna, bebendo tudo ou bebendo nada.
e quando ama, prefere a feiticeira à fada
a satisfazer minha luxúria insana.

A ele, estarei preso por uma corrente;
por ele, serei eu de fato sinceramente;
com ele, viverei em eterna aflição.

Sem ele, não serei um zero nem eu mesmo,
nem se quer beberei, nem sonharei a esmo.
não será um karma... será minha maldição.

Êxtase

A paixão, dizem uns, é uma obra fictícia.
Mas a cada dia condeno esta sentença
e formulo, convicto,uma nova crença
que ela surge antes da primeira carícia

Movido por um desejo louco e legítimo,
afagarei tua pele meiga e macia
para descobrir a enebriante melodia
que o amor cria fazendo o seu próprio ritmo.

E, logo após este que o derradeiro tato,
nos meus olhos há uma única imagem:
tua face sedutora como miragem
confirmando que o nosso caso é mais que um fato

Como uma boca a dizer docemente " entre!"
o teu corpo fala, entre um e outro espasmo,
que a necessidade de cada novo orgasmo
parte do mais profundo abismo do teu ventre

Ficaremos como um único ser, unidos,
amantes atados embaixo de lençóis.
Todo ruído que ouvirmos virá de nós,
sejam chulas palavras ou doces gemidos.

Onde estivermos será nossa cama!
Nós, untados pelo nosso próprio suor,
chegaremos, aos poucos, ao êxtase mor
que só pode alcançar quem, de verdade, ama.

No fim, tal qual soldado após batalha,
terei descanso no colo da minha amada.
Sono tranqüilo para carne tão cansada,
porém ciente que o amor tarda, mas não falha.

(no intituled)

De manhã, acordei cheio de esperança.
Fui, como uma criança, tolo e infantil.
Depois exclamei: " vá pra puta que pariu!",
pois me deram o verme da desconfiança.

De tarde, já brincava com tal arrogância
e, na pança, guardei a maneira sutil
de dizer, com candura, o que já se ouviu
da alegria, do amor, da fé e da infância.

E, de noite, fecho os olhos, me finjo de morto,
me escondo, pra que a morte, aquele anjo torto,
não venha me buscar, pois me tornei um fraco.

Mas é depois da zero hora, altas madrugas,
que acordo com o rosto tão cheio de rugas
e digo: "mais que um velho, hoje sou um velhaco".

oração do cético

Já não reparou que todos fingem?
Duvide das palavras ditas ou escritas,
pois, sejam benditas ou malditas,
lembre que a mentira não é virgem,
a virtude foi violentada,
e onde suas bobas teses apoiar
_não existe mais nenhum lugar.
Por isso, não acredite em nada!
Toda crença tem seu preço,
mas a verdade nenhuma delas busca,
pois toda fé, a razão, ofusca,
e minha fé jamais ofereço.
Morrerei cético e mais feliz!
Acender várias velas, dar oferendas,
acreditar em santos ou lendas
_eis três coisas das quais nunca fiz.
Se crer em algo, a alma conforta,
então por que seguir qualquer religião
se a vida não tem explicação,
e só a alegria nos importa?

Reprises

Quando afasto meus olhos dos teus,
eu me lembro e me dói por saber
que por mais que se peça a Deus
nenhum dia eu vou te esquecer.

A saudade é facada, é revés,
me machuca, maltrata com dor.
Há correntes de ferro em meus pés;
sou um escravo doentio do amor.

Fecho os olhos, revivo reprises
_uma pena que sofro demais.
São lembranças de dias felizes
que não voltam nem hoje, nem mais...

Seu sonho

Sou o vento que abriu a janela,
entrou no seu quarto às escuras
e viu você nua tão bela
lembrando as tais virgens mais puras.

Meu beijo, igual a uma brisa,
tocou no seu corpo tão quente,
Senti sua pela tão lisa,
Sonhei lhe querer indecente.

Estive em seus sonhos devassos
de ser possuída por mim.
E tive você em meus braços
unidos num coito sem fim.

Seus lábios suavam gemendo,
seu gozo molhou seu lençol.
Porém, mais um dia nascendo,
eu parto nos raios do Sol...

Tempestade

A tempestade, uma paixão...
Não reparou como ela é?
O seu gemido é um trovão;
o seu vento, cafuné.

Mar em fúria, furacão;
sua luxúria, vendaval.
E nuvens negras, coração;
Amor do céu, tão natural.

Se sua chuva é seu gozo,
e bebe, a terra, cada gota;
banho de chuva tão gostoso,
nosso lazer, coisa marota...

Conjugar

Conjuguei o verbo amar
no pretérito mais-que-perfeito.
Transitivo e regular,
tanto fui objeto e sujeito.

Conjugá-lo no tempo presente,
mais que um simples predicado,
você sabe bem, pois também sente,
é bem melhor que no passado.

Amo, ama, nos amamos...
Por amor, permaneci vivo,
porque, amar, conjugamos
no futuro do subjuntivo.

Um quê

Seu suor é o tempero da terra distante
cujo clima gostoso me faz bem demais.
E seu beijo, um néctar tão refrescante;
lembra a brisa das noites de dias atrás.

O calor que seu corpo, em chamas, emana
enlouquece os mais sábios poetas do mundo.
E dirão, seus lábios, palavras sacanas,
pois assim vou querer penetrar mais profundo.

Massageio seu ventre por dentro e por fora,
porque adoro escutar seu gemido tão doce.
Você vem me falar que me quer todo agora
se só seu, simples súdito, eu já não fosse.

Seu aroma de fêmea, por mim, excitada
faz de mim animal em total frenesi.
Sua pele molhada, tão branca e rosada,
é uma flor tão cheirosa que igual nunca vi.

Os amantes se dão quase sempre que podem.
Se não meço palavras, eu vou descrever:
Nossos corpos se atritam, se fundem e fodem.
Nós buscamos um tenro e intenso prazer.

Quando exausto, feliz permaneço contigo.
Em seu braços abertos, descanso contente.
Em seu colo, encontro um ninho, um abrigo;
nosso amor tem um quê, sabe lá, diferente...

três tristes trovas

adoro ouvir belos versos
feitos na forma de trova.
é raro achar um ouvido
que estes versos desaprova.

esta trova está ruim.
eu concordo plenamente
e, fazendo mais esforço,
outra trova sai da mente.

trova é fácil fazer;
também gostoso compor.
mas veja o que descobri:
não nasci pra trovador.