quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Meu amor

Meu amor tão pequenino
que cabe na minha mão!
Vai, em teus braços,
Vem, em meu coração!..

Suave e altaneiro, só pensa em te amar!
Esqueceu-se da vida que podíamos levar!
Tristinho, se esconde , atrás da lua,
soluça em meu peito, pede colo,
só quer carinho!..

Meu amor espera o dia,
para poder te amar.
Não só em poesia,
mas, em minha vida,
para dar -lhe direção!

Meu amor é paciente,
conhece bem o silêncio,
não fala nada, só espera
o dia de nossa união!

(Eda Carneiro da Rocha)

DERRADEIRA SAUDADE


Paixão fugaz... Ventura passageira...
Rosa que não colhemos da roseira,
Mas que esteve, no galho, ao nosso alcance...
Ah! Quanta vez, num desespero mudo,
Eu quedo-me a cismar naquilo tudo,
Que encheu de sol nosso cruel romance!

Bendigo ainda os beijos que maldizes,
Que abriram na minhalma cicatrizes,
Que encheram de ambrosias nossa boca:
Só me consola, nesta dor pungente,
Lembrar que me adoraste como louca!

Mudaste muito, eu sei... Mas, com certeza,
Nas horas de saudade e de tristeza,
Em que a alma chora e o coração nos trai,
Hás de pensar em mim de quando em quando,
Com lágrimas nos olhos relembrando
- Toda essa história que tão longe vai!

(Paulo Setúbal
em Alma Cabocla)

Amor Infinito a Ti!

Transparência

Se tudo que sentes, vês
Pensas e ouves de mim
Te parecem insólitos
E inadequados, saiba
Que isso tudo é a essência
Exata do que sou
Se, ora me vês
Agindo como criança
Menina que, mesmo
Sem falar, aponta...
Ou se me sentes
uma fraca, uma velha
Que estórias
velhas de vida, conta...
É que me encontrastes
perdida, indecisa nas
Encruzilhadas que eu
mesma tracei com dedos
Trêmulos na areia
Vestindo solta
A estrada da vida...
Por isso, não procures
segredos em mim
Não passo e jamais
Passarei de lógica
Primária matemática...
A soma exata
do que te mostro
E o que se esconde
em mim
Que eu própria
desconheço!
Reflita um pouco...
Hoje caminhaste
Sentiste o vento
E o sol que seca
as folhas no chão...
E que saber o que
De especial usaste?
Ciência!... Magia!...
Sabedoria da alma talvez!...

Ignez Sparapanni

UM LIVRO CHEIO DE BONECOS


O Pai estudava teologia por correspondência
E era a época dos exames.
A mãe tricotava. Eu sentava-me calmamente
Com um livro cheio de bonecos. A noite caía.
As minhas mãos arrefeciam a tocar as caras
Dos reis e rainhas mortos.

Havia uma gabardina preta
No quarto de cima
A abanar do tecto,
Mas que estava ali a fazer?
As longas agulhas da mãe faziam cruzes lestas
Que eram pretas
Como então o interior do meu coração.

Voltava as páginas e soavam a asas.
“A alma é um pássaro”, dissera ele.
No meu livro cheio de bonecos
Eclodia uma batalha: lanças e espadas
Faziam uma espécie de floresta de Inverno
Em cujos ramos o meu coração se picava e sangrava.

(Charles Simic)

Amor Infinito a Ti!

Só Depende De Você

Só Depende
De Você

Quisera eu... poder ter,
para invocá-lo e vir
a te convencer,
que não só te desejo,
antes, amo te querer.

Sabe, mulher,
quem ama tanto
quanto eu, jamais
te produzirá o pranto,
o sofrer e o desencanto.

Ofereço-te, única e maiormente,
meu coração, meu colo e calor.
Minha proteção e meu viver
serão teus, minha querida,
hoje e infinitamente.

Dai-nos esta chance,
quem sabe será a última
que teremos, que gozaremos.
Venha sem temor, venha ser
minha metade, o meu amor!

Não hesite, me permita
não somente te provar,
mais que isso, a ti provar
que meu amor é de verdade,
que ele existe e é para valer!

Antônio Poeta

Maria Catherine

A VISITA DO AMOR


Quando o amor quer nos visitar,
Nada podemos fazer para impedir,
Ele é ardiloso e luta até conseguir,
Ser recebido no coração e ali ficar.

Para ele não existem barreiras,
Se encontrar resistência a destrói,
E já dentro da alma, então constrói,
Um refúgio para a fé verdadeira.

Quando ele chegar não tenha medo,
Vem trazendo consigo a felicidade,
E sempre pode mantê-lo em segredo

Talvez seja esta a hora da verdade,
Por certo, já sonhou com este enredo,
Agora é só esperar dele, sinceridade.

Marco Orsi
09.11.2009

CADA VEZ QUE ENTARDEÇO


NaldoVelho

O silêncio das almas, a espera inquietante,
o livro aberto em cima da mesa,
feridas cicatrizadas e um monte de incertezas.

As marcas do tempo, a rota dos ventos,
a cada passo colho pedras e espinhos,
dias e noites ao relento,
a face enrugada já não me deixa mentir.

Um rio de águas claras tem seu curso em meu quintal,
e do lado de lá, margem contrária de quem sofre,
um tempo, que eu pressinto, de delicadeza.

Cada vez que entardeço, atravesso um pouco mais.

A CAVALARIA

(Flávio Leite)

Os cavalos e os cacetetes contra os manifestantes,
As bombas vão caindo, faz parte do repertório.
Que sejam pisoteados as crianças e os estudantes!
Somos da tropa de elite, o mais novo reformatório.

Gritos de ordem, gritos de paz, gritos de dor...
O eixo monumental vira campo de guerra.
Enquanto a democracia se vê vítima do horror,
Alguns ladrões procuram a Deus com suas falsas rezas.

Dizem que o Diabo comanda os anjos.
Eu nunca acreditei, mas diante de tanto sangue...
O gás queima os olhos, os animais seguem rinchando...
Quem manifesta ou quem reprime é uma gangue?

Passamos do século XX, mas seguimos no mesmo erro:
Continuamos corruptos como os velhos portugueses.
Leis duras nesse país só contra os pobres e pretos,
É por isso que os políticos fazem dos eleitores seus fregueses.

- Liberem a via dessa corja! A força se faz necessária!
Grita o comandante da cavalaria.
Os cinegrafistas filmam tudo, vamos para as vias de fato,
Então o coronel desce do salto e tudo vira baixaria