terça-feira, 10 de março de 2009

Degladiando

Fillipe Vilareína

Um poema tolhido numa época sóbria e até criativa minha - agora:

Degladiando

Caminho a passos largos
entre as serpentes e passo
(ao passo que me convém)
por sobre meus cruéis medos.

Medos justificados, eu sei,
porém indolentes.

Penso que não sou presa
na arena aberta que estamos nós.
- Sim, me incluo entre os venenosos.
Sim, me incluo na grande horda atroz.

Qual serpente no nicho alheio
que não morde e mata a rival?

Puxo-me à frente, na sordidez
que me dão este ar de metáforas,
e avanço sem medo de ser ouvido.
Sem medo algum de ser compreendido.

Afinal, metáfora sobre o mundo
num mundo que não existe
não chega a ser máscara.

Não xinguei ninguém aqui:
tudo são arenas e serpentes.

E todas são fantásticas.

Conselho

Fillipe Vilareína

Expulse seus demônios
Expurgue sua existência
Esmague seus medos

Apure sua alma...

Odeie suas fraquezas
Ojeriza será sua bandeira
Odeie quem te odeia

E não se leve por devaneios.

E o mais importante:

Nunca ouça nenhum conselho.

Lamúriazinha

Fillipe Vilareína

Sucesso na vida!
Mulheres idem!
Meus carros, meus sons,
minhas contas, meus dons,
minhas ações de mané.

Chicks for free!
Ou nem tanto, enfim...
sou pobre, sem talento
sem eira, nem beira
e durmo na esteira
na mão, sem mulé...

Maria gasolina,
maria chuteira,
maria pandeiro,
maria guitarra,
marias sem fim...

Eu sou só poeta!
Sem grana ou graças...
Será que no mundo
há maria caneta
- que queira palavras -
e que seja pra mim?

Aos umbrais do dicionário

Fillipe Vilareína

Versos saudosistas, d'algum passado que não vivi:

Aos umbrais do dicionário

Quando criaram os versos
éramos vagabundos, entusiastas
do ócio sublime, regado à palavras.

E saíamos sem medo
pelas ruas, vivendo sem culpa
ou idolatria. Sorvendo os cantos
que faziam ao nosso redor

(e a vida sem eles era uma agonia...)

Pensávamos ser poderosos,
pois dominávamos o verbo
- a primeira criação -
que nos fora ensinada sem
academicismos ou honrarias.

Era apenas a arte de jogar ao vento
palavras, nomes, ironias...

Era apenas o costume de falar
aos porcos o que era majestoso

Era o costume simples , sem pudores
da poesia.

Venturosa

Fillipe Vilareína

Subiu o diápiro há algum tempo
e o vento o levou com a ajuda
intermitente e irritante da enxurrada.

Oito mil e alguns anos atrás,
símios homens pintaram suas vidas
lá em cima; subindo sem escada.

E o tempo fez que outros símios
também assinassem sua passagem
sobrepujando os antigos artistas

que pintaram sua história e preguiças
na geologia comum nordestina
da imensa, sólida e bucólica

pedra furada.

Retorno

Fillipe Vilareína

E voltando a mexer com palavras,
num sem-fim de versos satíricos,
retorno à velha poesia instantânea
e todo o seu prazer onírico.

Termino com meus velhos clichês,
versos meus parecem engrenagens...
Pelo menos tenho fogo de escrever;
pena que só me saem metaliguagens.

Autocrítica

Fillipe Vilareína

Refleti bastante.
Tá bom, sempre mudo minhas conclusões.

Repensei tudo
e mudei completamente as antigas ilusões.

Refleti o passado
e percebi que não fui tão cheio de ambições.

Repensei os versos
e não notei nenhuma semelhança com Camões.

Refleti de novo,
ao fazer esses versos - mal feitos - de inflexões

e voltei ao estado não-criativo.

Nada como julgar à tempo suas toscas ações...

Mendigo

Fillipe Vilareína

Coçava a cabeça
enquanto pensava.

Estava sujo e fedia,
ninguém se importava.

Fazia disso liberdade
e, no máximo, chocava.

Balançava os braços
e, ao alto, bradava

que seus pés doíam
daquela ferida feia
que só se manifestava
quando coçava a cabeça...

Quando pensava.

Os Bárbaros

Fillipe Vilareína

A chama - que era algo bonito - se apagou
e a fome - que nos deixava aflitos - aumentou.

Esfregamos as mãos e saímos do barril.
Nos agasalhamos e fomos pedir.
Não existem só mendigos no Brasil.

A moça - que era também bonita - não nos ouviu
e a polícia - que só incomodava - nos perseguiu.

Corremos como nunca e saímos pelas ruas.
O guarda não queria fazer exercícios
e foi cuidar de outras vidas como as nossas

que - para eles e para o estado - também eram suas.

Ainda bem que somos jovens...
Nossa existência ainda é honrosa.

Honrosa, porém ainda crua.
Aos seus olhos, estão somente nuas.

O Guru

Fillipe Vilareína

No pescoço penduro um quartzo
e no punho um feldspato.
Incenso a rua, incenso a vida,
sendo guiado pelos astros.

Raspei a cabeça, por amor...
Amor ao céu azul...
Vivo a vida pela natureza;
sou guiado por Vishnu.

Vendo pulseiras de contas lindas
e vendo sonhos e sincretismos.
Ao Buda, sou só um mimetismo.
Sou o guia dos indefinidos...


Aos Hippies, sou o homem-misticismo.

Entre os copos de cerveja

Fillipe Vilareína

Entre os copos de cerveja
os gritos e risos abafam
o som do telejornal,
onde falam de algum
outro bonito escândalo.

Lá fora uma música toca
e as moças gargalham.
A imagem da televisão,
onde há outro figurão,
não me interessa mais.

De manhã eu leio no jornal
o que perdi essa noite.
Gosto de novidades toscas.
Hoje, só há minha visão fosca
e a minha diversão infame

entre os copos de cerveja.

O Sorriso da senhora

Fillipe Vilareína

O trote do alazão se aproxima
e a senhora espera no castelo.
Ela vai à janela sorrindo
- um sorriso de criança -
mas seu amado nunca chega.

Apesar disso, seu sorriso é belo;

e ela não muda a expressão
quando o homem saca a espada,
que corta o ar zunindo
e faz o belo sorriso
se eternizar, rolando na areia.

O caldo vermelho correu na sacada
mas a senhora não sai da posição.
A cabeça, na terra, foi chutada,
porém não desfez o sorriso.

O audaz cavaleiro se vai
e o sangue real se esvai
correndo pelas pedras cinzas.

A crueldade não desfez a alegria
da bela demonstração de bondade
que há no sorriso da senhora

- um riso de criança -

A cabeça, não sei se tem nome
Mas, devido às circunstâncias,
chamarei-a como merece.

Chamarei-a de Esperança.

Conto - Última esperança

Fillipe Vilareína

A novela já está terminando; daqui a pouco é hora de sair. O tempo livre é cada dia maior. Sem pressa, ela vai à cozinha e bebe um copo d’água. Se bem que não se pode dizer que tenhamos essa “divisão de cômodos” na casa. É uma quitinete com quarto e sala onde ela vive até de uma maneira confortável, já que mora sozinha e não tem filhos. Quer dizer, os que ela tem, acabou dando. Nunca teve tempo nem dinheiro para cuidar de uma criança dignamente. Nunca criaria filho nenhum levando a vida que leva – era assim que pensava.

Aparentava ser muito mais velha do que realmente era. Perfumava-se fortemente (é um costume da profissão, segundo ela); prostituía-se desde os 23 anos. O tempo fora implacável; seu rosto estava bastante enrugado e seu corpo, digamos, não era dos mais atraentes. De alguns tempos pra cá, ela sentiu sua clientela cair muito. Sem o charme da juventude, contava com os clientes antigos – e fiéis. Gabava-se de que alguns davam mais fidelidade a ela do que às suas esposas.

Passou sua alfazema de costume e o batom carmim - o mesmo de vários anos. Usava um vestido folgado preto - nunca conseguiria disfarçar sua barriga e seios flácidos. Era uma mulher tradicional, sempre amoral, entretanto, gostava de cada coisa em seus lugares. Era uma prostituta e pronto; nunca gostou que sua clientela a tratasse de outra forma. Perdera a esperança nos homens e no amor. Quando era mais jovem, envolvia-se de uma forma quase sentimental com os seus clientes. Sofreu os sofrimentos deles, comoveu-se com suas histórias, amou seus amores - a prostituta, às vezes, é o melhor divã que existe. Mas ela percebeu que os mesmos clientes que vinham chorar em seu colo, não se importavam com a sua história. Era um objeto de sexo e conversa. Apenas.
Foi para o ponto de ônibus e pegou o que ia para a beira-mar. Desceu e encontrou algumas companheiras de profissão - ultimamente passava mais tempo conversando com elas do que nos encontros com clientes. Dez da noite. Tinha feito dois programas - sexo oral em dois velhos. Algo normal, nunca era mais do que isso nessas horas. Estava sozinha na calçada, pensando no dinheiro que estava devendo à moça dos cosméticos. Uma picape veio devagar. Ela observou os faróis. O carro parou ao seu lado e ela não exitou. Foi à janela - pensando que fazia muito tempo que um carro tão bonito não a parava.

- Está sozinha? - era um jovem.

- Sim.

- Quanto é programa?

- Cinqüenta. - pra alguém tão "bem-de-vida" como parecia o rapaz, até que estava barato.

- Entra aí.

Entrou sem falar nada. Normalmente era muito desconfiada, mas ela sentiu que não era nada demais. O carro partiu rapidamente. Olhou para aquele jovem que dirigia; ele retribuiu o olhar e sorriu. Era uma cena comovente e ela achou o gesto bastante meigo. Colocou a mão no pênis dele e gargalhou. Ironicamente, o rapaz soltou:

- Opa minha senhora! Acalme-se.

Ela resignou-se. O "senhora" a fez perceber o inusitado do que estava acontecendo: um jovem, bonito e aparentemente rico a pegou na calçada pra fazer um programa. Mas ela apenas respondeu:

- Tá no céu.

Chegaram num motel. Era um dos bons. Ela nem prestou atenção à conversa do rapaz com a pessoa da entrada. O carro seguiu até a garagem, desceram e subiram as escadas. Ela foi na frente, abriu a porta com a chave que ele lhe dera. Assim que entrou, ele a agarrou. De forma surpreendente, começou a acariciá-la, como ninguém fazia desde muito tempo...
A maciez dos lábios jovens, a forma forte e carinhosa com que ele fazia sexo; tudo isso a fez esquecer a maneira "maternal" com que ela trata os clientes juvenis e se entregar como nunca havia feito antes. Por algumas horas, a tristeza inerente à rotina desta mulher foi embora. Por algumas horas, foi feliz.

Tomaram banho quando estava quase amanhecendo. Foram para a garagem e entraram no carro sem dizer uma palavra. Dessa vez, ela percebeu que quem estava na entrada era uma mulher. Ele pagou e saíram rumo à praia. Não conversaram no caminho. No calçadão, ele parou o carro, ela abriu a porta e saiu:

- Quanto foi? - disse ele.

- Cinqüenta.

Imediatamente, ele puxou uma nota do bolso e apontou para ela. A nota de cinqüenta foi muito incisiva. Era como um olhar reprovativo. Ela sentiu vergonha, puxou a nota e colocou no sutiã. Olhou em direção à rua, viu o horizonte e percebeu o laranja claro do céu ali àquela hora. Voltou o olhar para o rapaz. Ele a observava, muito sério. Num rompante sentimental bizarro, ela disse:

- Eu te amo.

Ele não moveu um músculo do rosto. Ela virou-se e saiu. Enquanto caminhava, podia ouvir o carro se afastando. Era a última esperança de quem vive cada dia como se fosse o último. Era o rastro de um momento estranho, incomum e inesquecível. Olhou para a avenida e viu o vermelho dos faróis da picape ao longe. Deitou-se no banco da praia e observou o tom arroxeado do céu na alvorada. Havia poucas nuvens. Procurou um cigarro e um isqueiro na bolsa. Tragou e soltou a fumaça para o alto. Não conseguia pensar em nada a não ser aquele céu.

Pensou que era um belo momento pra se morrer.

Aleluia, ao senhor.

Fillipe Vilareína

Ò, deus simiesco
a ti sempre rogam
começando com "ò".

Não há um porquê,
muito menos pra quê,
de tanta cerimônia

Qual respeito tu queres?
Pela tua ganância?
Pelo teu egocentrismo?

Divindade egoísta,
criaste uma vil raça
de símios parasitas.

Seria tu um pueril ser,
que cria para depois
destruir?

Seria tu só uma criança,
com algum joguete
sem medo?

Destruir e te adorar.
É isso que tu queres
desses toscos macacos.

Enquanto isso,
não há explicação alguma
para este fraco desgraçado.

Ris da minha petulância.
Jogas lama na minha cara
e antes que eu descubra algo

em alguma cruel surpresa,
me mata.

Nosso Líder

Fillipe Vilareína

CABUM!
Balas de borracha
não nos param!

TCHÓÓ!
Muito menos
jatos d'água!

PÁ! BUM!
Nem os cruéis
cacetetes!

VIVA!
Vamos lá
meu povo!

MORRA!
Eu incito vocês!
Dou todo meu incentivo

daqui do meu

seguro palanque!

Auto-retrato:

Fillipe Vilareína
Sou um idiota

Descobri que sou imbecil,
um idiota sem tamanho,
falando coisas sem sentido
em alguns versos estranhos.

Deve ter nascido bosta no lugar
da minha ex-massa encefálica,
pr'eu falar tanta besteira
achando - olha só! -
ser uma grande malandragem.

Dói pensar demais ou discutir
sobre o cerne da raça humana
quando se é, como eu,
um debilóide safardana.

Daí em diante, é conformar-se.
Imbecil que sou, alienado,
não deve ser tão difícil
ficar assim, resignado.

Dou, então, a vocês
versos assim sem estrutura.
Com qual frase faço a rima,
poeta "da cara dura"?

Chifre Coragem

Fillipe Vilareína

Aos senhores, aqui, falo sem temor
que essa história de chifre tem solução.
Não importa o que faz o ricardão,
no final o corno mata por amor.

E é brabo e sem temor o valentão
que se torna o chifrudo sangue-quente.
Não importa que tamanho o urso tenha,
ele ataca com uma fúria demente.

Mas isso só é valido, senhores,
para aqueles sem ter sangue de barata.
Pois não há nesse mundo maior desgraça
que um corno manso pegar em arma.

Só do peso da malvada ele se caga;
mas, por honra, ele tenta dominá-la.
E metido em sua raiva covarde
se destina a morrer como piada!

E com alarde!

Opinião

Fillipe Vilareína

O que é a decadência?
Uma orgia de valores.
Uma suruba de pudores.
O que é a decadência?

O que é o moralismo?
Uma parede de bom-mocismo.
Um muro de meio fascismo.
O que é o moralismo?

O que é o bom senso?
Um sentimento nobre.
Uma ação de fé esnobe.
O que é o bom senso?

Quanto à todos esses conceitos
e todos esses "ismos",
prefiro não dar opinião...

Sou egocêntrico demais,
sem colhões pra discussão...

Eu prefiro o Hedonismo!

Suicídio

Fillipe Vilareína

Passos largos.
Direita, esquerda.
Não agüento esse expurgo,
esse peso na minha cabeça.

Tambor carregado.
Cima, baixo.
Reflito, me vêm lembranças...
Covardia que me impede o ato.

Gosto metálico.
Polegar, indicador.
O gélido ferro se entranha
até o fim da minha garganta.

O que é esperança?
Sou imediatista!

Ah, antes que eu desista...

BUM!

Clichê

Fillipe Vilareína

Procuro alguns versos pálidos
longe de lugares comuns.
Também almejo versos áridos
que brilhem ao céu azul.

Soturnos poemas sólidos,
perdidos n'algum clamor.
Versos sem nenhum clichê
que não falem só de amor.

Versinhos de alguma rudeza,
talvez com algum fervor.
Mantendo, é claro, a beleza
que têm os versos de amor.

Acho que ainda não fui claro
sobre poemas os que pedi.
Esta confusão deixei de lado
e vou acabando por aí.

Pois fui, louco, pelo pior lado
ao tentar escrever assim
e todo feio poema errado
resumi nestes versos aqui.

Vocábulos

Fillipe Vilareína

Circunspecto.
Ao diabo, o que signifique isso;
se o capeta eu for, é claro.

Conjecturo.
Ao mundo, sem significado algum;
se opinião eu tiver, é óbvio.

Confabulo.
Ao tempo, traduzido em vadiagem;
se esperteza eu tiver ou margem

para dizer a todos , sem excessão,
que toda esse falatório,
todo esse - atrasado - verso retardatário,
é pra dizer que preciso - urgente! -
de um bom dicionário.

Duelo

Fillipe Vilareína

Poeta:

Onírico labor
do ócio introspectivo.
Luzes, cores,
imagino,
mergulhando
em torpor.

Pensamento que flutua
no vento contemplativo.
Azul, branco,
admiro,
transformando em belo dia
secas noites em flor.

Matuto:

Quanto palavreado!
Chei de pompa
e complicado!

Que palavras mais bonitas!
Mas não precisa tanta fita
pra se sonhá acordado!

Esquecimento

Fillipe Vilareína

Lancinante é o rastro
que deixastes por aqui.
Cortante é o acaso
- a lembrança dos teus passos -
que não me deixa dormir.

Foi-se o tempo...
Foi-se a história...
Só restam a cama
e a memória.

No criado-mudo
um copo de whisky,
vazio, diga-se de passagem,
ainda mantém o cheiro forte.

Na alta noite
uma dose pra dormir,
vazia, diga-se de passagem,
me faz esquecer a sorte.

Não durmo
e não esqueço.

Mantenho-me vivo.
Pra mim já me basta.
É o que mereço...

Mas, deixa estar...
Poderia ser pior...
Quem espera sempre alcança...
Os provérbios populares
me mantém a esperança.

Pra quê se martirizar?
Ou dizer que é maldade?
A morte, prematura
imbecil, triste,
é a "única certeza que existe".
É a única verdade...

De resto, é beber por saudade.

Aos Poetas Sujos

Fillipe Vilareína

Quando um poeta sujo
se mete a falar de amor,
fogem-lhe as palavras,
gramática e vocabulário.
Toda poesia míngua:
definha até a mais simples trova
e é por ela que ele - sujo poeta -
se expressa (expressa uma ova!)

Quando o parco sentimento
vira-se em dor aguda,
foge-lhe o senso poético
e suas pretensões.
Todo verso se acaba:
corroído até o mais feio hai-cai,
que é o único - por ele feito -
verso que ao seu amor distrai.

Quando todo ranço urbano
se transforma em grama,
caem-lhe as calças
e, com elas, seu despudor.
Toda palavra bonita,
mesmo que não as conheça,
descreve o latente amor sentido
- por mais que amor nenhum mereça.

Bêbado

Fillipe Vilareína

Trôpego, balanço,
caminho, pelejo.
Falo à bela moça
- turva e confusa -
- Me dá um beijo?

Dispõe-se ela
a me beijar.
Carinho, afago...
Aceito e satisfaço.
Só não posso vomitar.

Festa é retribuição.
Por isso, danço sem pensar.
Tombo no meio do salão
e, sem nenhuma afobação,
levanto e volto a dançar.

Mas, um tombo não teve volta.
Dançar assim não foi astuto.
Arrasto-me até a parede,
vomito gim e Martini
e, de cara na poça, durmo.

Nada mais justo.

Memória

Fillipe Vilareína

Senhora esfumaçada
da lembrança longínqua
Diga-me, o que veio fazer?
Recordar meus velhos tempos
ou curar-me dessas ínguas?

Porque um vestido branco?
O porquê de seu rosto branco?
Porque seu contorno é branco?
E porque você não sangra?

Senhora nevoeiro
da memória antiquíssima
Responda-me, o que veio fazer?
Torturar minha mente fugaz
ou fazer-me esquecer?

Porque um lugar familiar?
O porquê de um ambiente claro?
Porque sua roupa balança
se por aqui não sopra o vento?

E porque não acordo?!?!
Porque o porquê?
Qual a razão de tal tormento?

Supermercado

Fillipe Vilareína

Escolha uma vida
e a viva completamente.
Sue, corra, pule,
minta, ame, destrua.
Aja até que ela definhe...

Pegue a que tiver
embalagem mais chamativa.
Cheire, sinta, olhe,
lamba, use, torre.
Mas, não surja de repente...

Não rasgue assim o pacote!

Peça primeiro ao vendedor
e pague no caixa mais próximo.

Afinal, é muito caro este lote.

Devaneios de um canibal apaixonado

Fillipe Vilareína

Sonhei contigo
e, pra variar,
me senti aflito.
Encantamento...
Formigamento...
Tentei fugir do sono
- talvez pra lugar mais tranqüilo -
e fingir algum abandono.

Assim que acordei,
de olhos inchados,
me provei.

Dei um grito,
sangrei
e vomitei.

E vomitei tanto,
mas tanto,
que quase morro.

Até pensei em ir ao pronto-socorro...

O braço sangrava
e o cheiro azedo
já subia.

Até enlouqueci num rompante de antropofagia...

Num suspiro apaixonado
me desperto de você
e sinto a dor aguda do braço
que ainda está mordido
e ensangüentado.

O meu peito acelera.
Distraio-me com a ferida.
Imagino o teu rosto
e esqueço a mordida.
Tu és a mais sedutora
entre os refúgios.
Tu és a minha morfina.

Mortos-Vivos

Fillipe Vilareína

A pele cinza e seca
suja de terra úmida.
Roupas rasgadas e rotas,
órbitas sem olhos e fundas
ladeadas por um sorriso
amarelo e fúnebre.

Um andar manco e macabro
persegue uma linda jovem
- branca e angelical -
"Please, don't kill me!
Please, don't hold me!"
Ela exclama em frente ao mal.

Enquanto isso,
a platéia nem se mexe.
Dormem, distraem-se
e comem pipoca.
Quanto ao "blockbuster"...
ninguém se importa.

segunda-feira, 9 de março de 2009

LINDA MULHER!!!

*************

O doce de sua beleza,
Simplesmente vale apena
Dá-me a doce certeza!
Da doçura dos meus temas!!!

By
Edivar poeta!!

Doces efeitos!!!

***********
Sua beleza é poesia,
São versos lindos e perfeitos...
Sua pessoa... Adorável harmonia!!!
Arquitetando doces efeitos!

By
EDIVAR POETA!!!

Doce beijo demorado!!!

*****************

Você no meu pensamento,
É como a rima na poesia
Ao doce farfalhar do vento...
Delirando nesta sintonia!


Seu beijo é um lindo presente,
Ao momento de ser beijado
Neste namoro lindo que a gente!
Se enrosca harmonicamente!!!
Em um doce beijo demorado!!!


By
Edivar poeta!!!

Doce amável fusão!!!

*****************

Sua mensagem é como uma flor,
Perfumando meu coração
Sinto-á como o verdadeiro amor!
Ao desejável conforto da nossa oração!!!

Iluminando nossos sonhos,
De cumplicidade e emoção
Amizade e Saudade!
Na adorável harmonia,
Desta nossa... Doce amável fusão!!!


By
Edivar poeta!!!

TROVINHA DE AMOR!!!

*******************
Quero beijos apaixonados,
Com o orvalho e as estrelas
Dos seus doces lábios molhados!
Causando-me vontade em tê-la!!!


By
Edivar poeta!!!

AMO-TE ADORÁVELMENTE!!!

**********************
Sejas sempre bem vinda,
És doce e inteligente
Doce mulher poetisa linda!
Amo-te adorávelmente!!!

By
EDIVAR POETA!!!

Você!!!

*****
Vim dar-te um beijo em flor,
Para exemplificar com atos
O quanto és linda...
Amiga e meu amor!
A real meiguice destes fatos!!!


Assim nossas rimas,
Serão amáveis e carinhosas
E tu... Docemente me ensinas!
Todo o cheiro delicioso,
Das pétalas de uma rosa!!!
Você...

By
Edivar poeta!!!

Somatórias de mim!!!

******************

Você... Uma poesia perfeita,
Uma flor linda do meu jardim
E em cada rima se estreita!
Os doces encantos...
Com somatórias de mim!!! rs

By
Edivar poeta!!!

Delícia de um prolongado beijo!!!

*************************

Você é linda e perfumada,
Nos meus sonhos te desejo
Como doce namorada!
Eternizando em nossos lábios...
A delícia de um prolongado beijo!!! rs


By
Edivar poeta!!!

Com toda certeza!!!

Doce eterno!!!
Incomparável beleza!
A poesia que externo...
Está nos seus lábios...
Com toda certeza!!!

By
Edivar poeta!!!

“ Belicosa Mulher! ”

Não quero ser nenhum pouco feminista
Quero ser apenas justo e sincero
Também não vou dizer que sou machista
Isso é o que menos quero

Gostaria simplesmente de dizer o que sinto
De expressar o quanto admiro o brio da mulher
Alguns podem até pensar que eu minto
Danem-se! Por mim, pensem o que quiser.

Tenho em minha história um cadinho do ser feminino
Minha mãe, uma mulher simples, porém, guerreira
Transformou em homem, este que era apenas um menino
Dando-lhe educação e sabedoria, uma herança verdadeira.

Ser que antes vivia para os filhos e herdeiros
Mas que soube descobrir e adquirir o seu espaço
Mudou a sua fábula e mostrou ao mundo inteiro
Que o homem necessita intensamente do seu regaço

Sexo frágil e veementemente poderoso
Muitas vezes pai e mãe ao mesmo instante
Leva consigo a candidez do ente amoroso
E leva também a intrepidez de um gigante

Parabéns belicosa mulher!
Conseguiu ultrapassar várias mazelas da história
Seja como for, venha o que vier,
A sua sina é fulgurar a chama da vitória!

Sérgio Murilo

Uma Mulher

Bruna Lombardi

Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela

a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca

uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde:
os sonhos, as axilas, a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora

o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.

A Mulher Que Deus Fez

Você, Mulher
Nasceu no sono
De um homem em sonho.
Quando pronta,
Estava pronta a sua missão;
Missão da magia.
Magia que tocou e acordou.
E o homem acordado,
Não desvendava o que via;
Só via que era bela
A bela "Criação"!

Águeda Mendes da Silva
03/03/09

"Mulher ”

Mulher... é o próprio verbo amar
É graça, é vida, uma doce ilusão,
É luz, harmonia, paz no coração,

Mulher... é o mistério do mar
É cativante como a sua lepidez
É sedosa, cheirosa como a sua tez.

Mulher... é a fruta preferida
É a melodia da canção
É aventura regada a emoção

Mulher... é a fonte da vida
É a sensação de gravidez
É o fulgor, claridade e lucidez

Mulher... é a lua cor de prata
É um sonho de verão
É glamour, é charme, é sedução,

Mulher... é poesia, é serenata
É garra, bravura, intrepidez,
É inocência, doçura, sensatez.

Sérgio Murilo

Mulher

Predicados você trouxe ao nascer
É a gema rara, é um ser em transformação
Tantos encantos que aqui não consigo dizer
Entre eles o mais forte, é o poder da criação

Sensibilidade, persistência e poder
Gesta nove meses, espera com alegria
O dia de, o seu rebento nascer
Transforma a dor do parto em honraria

Mulheres de tantos sonhos
Mulheres harmônicas ou perigosas
Mulheres de jeitos bisonhos

Mulheres do tempo fazendo acontecer
Mulheres que lutam mulheres vitoriosas
Mulheres raízes de eterno crescer

Diná Fernandes

TRIBUTO A MULHER

Mulher,
Tu és a vida!
Nasceste de uma vida
e geras uma outra vida.
Carregas nas entranhas,
com garra, sem manhas,
o útero materno,
fábrica do viver,
aconchego terno
do gerar ao nascer.
Mulher,
Tu és a vida!
Este é o teu maior poder.
A humanidade está aos teus pés,
não importa credo e nem raça.
Abra os braços,
porque o mundo te abraça!

(Liana Mautoni)