Fillipe Vilareína
Quando um poeta sujo
se mete a falar de amor,
fogem-lhe as palavras,
gramática e vocabulário.
Toda poesia míngua:
definha até a mais simples trova
e é por ela que ele - sujo poeta -
se expressa (expressa uma ova!)
Quando o parco sentimento
vira-se em dor aguda,
foge-lhe o senso poético
e suas pretensões.
Todo verso se acaba:
corroído até o mais feio hai-cai,
que é o único - por ele feito -
verso que ao seu amor distrai.
Quando todo ranço urbano
se transforma em grama,
caem-lhe as calças
e, com elas, seu despudor.
Toda palavra bonita,
mesmo que não as conheça,
descreve o latente amor sentido
- por mais que amor nenhum mereça.
terça-feira, 10 de março de 2009
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