Fillipe Vilareína
Lancinante é o rastro
que deixastes por aqui.
Cortante é o acaso
- a lembrança dos teus passos -
que não me deixa dormir.
Foi-se o tempo...
Foi-se a história...
Só restam a cama
e a memória.
No criado-mudo
um copo de whisky,
vazio, diga-se de passagem,
ainda mantém o cheiro forte.
Na alta noite
uma dose pra dormir,
vazia, diga-se de passagem,
me faz esquecer a sorte.
Não durmo
e não esqueço.
Mantenho-me vivo.
Pra mim já me basta.
É o que mereço...
Mas, deixa estar...
Poderia ser pior...
Quem espera sempre alcança...
Os provérbios populares
me mantém a esperança.
Pra quê se martirizar?
Ou dizer que é maldade?
A morte, prematura
imbecil, triste,
é a "única certeza que existe".
É a única verdade...
De resto, é beber por saudade.
terça-feira, 10 de março de 2009
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