terça-feira, 10 de março de 2009

Esquecimento

Fillipe Vilareína

Lancinante é o rastro
que deixastes por aqui.
Cortante é o acaso
- a lembrança dos teus passos -
que não me deixa dormir.

Foi-se o tempo...
Foi-se a história...
Só restam a cama
e a memória.

No criado-mudo
um copo de whisky,
vazio, diga-se de passagem,
ainda mantém o cheiro forte.

Na alta noite
uma dose pra dormir,
vazia, diga-se de passagem,
me faz esquecer a sorte.

Não durmo
e não esqueço.

Mantenho-me vivo.
Pra mim já me basta.
É o que mereço...

Mas, deixa estar...
Poderia ser pior...
Quem espera sempre alcança...
Os provérbios populares
me mantém a esperança.

Pra quê se martirizar?
Ou dizer que é maldade?
A morte, prematura
imbecil, triste,
é a "única certeza que existe".
É a única verdade...

De resto, é beber por saudade.

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