terça-feira, 10 de março de 2009

Degladiando

Fillipe Vilareína

Um poema tolhido numa época sóbria e até criativa minha - agora:

Degladiando

Caminho a passos largos
entre as serpentes e passo
(ao passo que me convém)
por sobre meus cruéis medos.

Medos justificados, eu sei,
porém indolentes.

Penso que não sou presa
na arena aberta que estamos nós.
- Sim, me incluo entre os venenosos.
Sim, me incluo na grande horda atroz.

Qual serpente no nicho alheio
que não morde e mata a rival?

Puxo-me à frente, na sordidez
que me dão este ar de metáforas,
e avanço sem medo de ser ouvido.
Sem medo algum de ser compreendido.

Afinal, metáfora sobre o mundo
num mundo que não existe
não chega a ser máscara.

Não xinguei ninguém aqui:
tudo são arenas e serpentes.

E todas são fantásticas.

Nenhum comentário: