Eu vi rochas virarem areia,
o nascer e morrer de cada astro,
das estrelas e sua poeira
aos cometas sem pista nem rastro.
E vi o sonho virar realidade
bem na mão do maior dos artistas
e a mentira tornar-se verdade
no cabal linguajar dos sofistas.
E do amor, da saudade do lar,
toda música, vim e cantei.
Das antigas canções de ninar
às de guerra, de cor também sei.
Algo há na mudança das eras.
Vi surgir mais de mil gerações.
Foram dez vezes cem primaveras,
mil outonos, invernos, verões.
Hoje sofro um pesar tão profundo.
Nada fui, nada sou, nada tenho.
Pedirei meu exílio do mundo;
minha dor caberá num desenho.
Mas no fim, o animal mais indócil,
mesmo a besta ou o bicho mais manso,
só será reles mísero fóssil,
e tranqüilo terei meu descanso.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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