domingo, 8 de fevereiro de 2009

Comentário Planetário

Zébeto Fernandes

A chuva fina
bebe a saudade da gente por trás da cortina
Muda o cenário
do verde sem o canto do canário
Molha o pensamento
do que queremos levar ao vento
Cala o grito
do trem que não vem apito
Refaz a dor em mil gotas
caidas de minhas garotas
Chove serpertina
serpente venenosa do clima da hemoglobina
Encharca o mundo
de lágrimas de um coração vagabundo
Turva o que vejo antes do trovão
a trova temperada de lava de um vulcão
Parede de chuva de rima
derrame seu gozo em mim por cima
Pedaço de minha miragem
deixa na saudade a doçura de tanta imagem
Não pare de derramar
teu amor pela terra que vem do ar
Continue deitada mesmo vindo em pé
muda o ser pelo que apenas é
E desça as escadas
role pelas sacadas
Torça as calhas
espalhe as tralhas
Encha os bueiros
quebre os pinheiros
Transborde o rio
nos faça afogar de frio
Inunde as cidades
mergulhando nossas saudades
Chuva fina seja forte
é o amor na hora da morte
Chove a causa em chave do comentário
transforma choro em dilúvio planetário

Em:06/02/2009

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