segunda-feira, 29 de junho de 2009

Meus olhos


Meus olhos são pássaros pacatos,
enxergam a vida como ela é.
Mesmo diante de mil aparatos,
conservam a humildade, a fé.

Meus olhos se perdem no amanhã,
esperando um dia deslumbrar
um clarão carregado de magia
que ofusque de amor o seu olhar.

Meus olhos percorrem caminhos,
desconhecidos do meu eu interior.
Ofertam-me rosas sem espinhos,
rouxinóis, sabiás e beija-flor.

Meus olhos vivem a procura
de um rosto perdido em algum lugar.
Entregam-se a esta louca aventura
para em outros olhos morar.

Ah! Meus olhos. Cúmplices da minha alma
Te vi sorrindo, te vi chorando
Te vi sereno em momentos de calma
e suplicantes a Deus orando.

Um dia encontrarás o brilho merecedor
em um olhar escondido em algum lugar,
aí então, serás meu farol condutor
para nos mares deste amor eu navegar!

(Liana Mautoni)

VERMELHO E TENSO

Vermelho intenso
Ruboriza alva face
Discreta e linda dama
Pétalas, olor, disfarce,

Toca, tateia, sente
Delicado veludo rubro
Pele, pétalas e eu confuso
Pétalas, pele e eu mudo
.
Vermelho e tenso, vivo
Tentando diferenciar
Onde terminam as pétalas
E começa a tua pele...

(Lena Ferreira)

ABS(TRATO)



(A)bis(mado)

Abs(traio)

Abs(trato)

Abs(t)r(ato)

Abstr(ato)

A(b)str(ato)

(Ab)str(ato)

Abst(rato)

Ab(sorvo)

Abs(trato)

Abs(traio)

.

(Lena Ferreira)

VERDE SAUDADE

.
Saudades do cheiro do mato
Andar no capim orvalhado
Pisar descalça; energia viva
Aspirar do verde perfume
Da manhã
.
À tarde, sentar-me na grama
Capim seco pelo sol;meio-dia
Confidências mudas, tufos
Sorridentes ao vento..Aaaah...
Frescor

.
À noite, descendo o silêncio
Vestido de sereno, tão lindo...
Saúda-me com seu boa-noite
Eu aceno, respiro e me deito
Saudades...
.
(Lena Ferreira)

PRECIPITADA

Recostei meu lamento tanto
Nos ombros da saudade tua
Uma dor que me doía, nua
Sufocou o meu doce canto

Recostado, o meu lamento
Acusava-me de invigilante
Atitudes tão vãs;sufocantes
Fez crescer vosso tormento

Não fosse tu tão precipitada
Ele jamais te abandonaria
Vai...Compõe uma poesia
Não lamente mais por nada!


(Lena Ferreira)

DEVOLVE-ME A LUA


Devolve a lua minha
Por favor, eu te peço
Aguardo seu regresso
Ela pode vir sozinha

Mesmo sem estrela
Mesmo sem brilho
Seu caminho, trilho
Quero muito tê-la

Minha lua, devolve
Para, com inspiração,
Compor uma canção
Que a tristeza dissolve

Devolve a lua minha
Eu te peço, por favor
Traz de volta meu amor
Cansei de estar sozinha
.

(Lena Ferreira)

VERSOS PARIDOS


Poetas, deitados
À beira do tempo,
Descansam seus rostos
Na imaginação

Encostam as asas
Dos seus pensamentos
Seus dedos, ligeiros
Entram em ação
.
O peito pupula
As veias ressaltam
Os olhos marejam
A boca entreaberta
.
Uma satisfação
A mais que completa
.
Seletos poetas
Com excesso de calma
Parindo seus versos
No espelho d’ alma
.
(Lena Ferreira)

MINHA AMBIÇÃO


Quer ver um poeta
Com alma completa
Repleta de satisfação
.
É ter os seus versos
Levados pelo vento
Chegando a tantos cantos
Complementando
A tantas almas alheias
.
Minha ambição
.
(Lena Ferreira)

AO LARGO D'ALMA

.
Sentada ao largo de minh'alma
Busco entender conflitos tantos
Sozinha em meu leito, teço prantos
Revendo numa tela tanto trauma
.
Somente tua presença me alivia
Por onde andarás, ó meu amado
Preciso-te aqui bem ao meu lado
N'ausência tua meu corpo arrepia
.
Ao largo ouço o cantar da cotovia
Relembra-me o trágico momento
Em que partiste; tanto sofrimento
.
Agora, só restam-me lamentos
Ao longe, tua linda imagem eu via
Volta-me os conflitos;o tormento...

.
(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMINAR IX

.
Viver não é necessário; o que é necessário é criar..."(Fernando Pessoa)
.

Viver a vida apenas por viver
Não é viver de fato e de verdade...
É deixar-se arrastar pela correnteza num naufrágio.
Necessário é que se tenha firmeza no leme.
O navio ancorado , na inércia, apodrece com o tempo
Que é implacável e devastador à quem se acovarda...
É preciso ação, força motriz, atitude diante da vida.
Necessário se faz enfrentar as marés altas com vontade.
É imprecindível estarmos atentos ao nosso potencial de
Criar uma nova realidade dentro da realidade indesejada...
.
(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMINAR VIII

"E que momento feliz aquele
em que, um dia, despertarão juntos!"

Goethe

E há de chegar o dia em
Que todas as raças se encontrarão e nesse
Momento ,saberão que pouco é preciso para ser
Feliz de verdade; despidos de vaidades tantas...
Aquele que chegar de alma limpa a esse encontro
Em que uma única verdade prevalecerá, descobrirá
Que perdeu-se muito tempo com falácias e teorias vãs
Um único Ser, Supremo, rege todas as coisas...
Dia virá, e não tarda, em que todas as raças viventes
Despertarão para essa nova e bela Era e
Juntos, falando uma só língua, pregarão uma só verdade.

.
(Lena Ferreira)

SOS TERRA

P ela Terra o que fazemos?
E nvenenamos a própria vida
L entidão no progresso real
A vareza na total evolução
.
T erra, mãe de todos nós
E stação de breve parada
R evertamos a calamidade
R enovemos a antiga promessa:
A braçar nosso amado planeta

.
(Lena Ferreira)

PENSAMENTO ESPARSADO



Os véus de neblina, fria aragem
Confundem o meu raso olhar
Aguardando estou pela estiagem
Para prosseguir meu caminhar
.
Enquanto eu espero, medito
Sobre tudo aquilo que eu vivi
Rabisquei o que estava escrito
E ao meu destino eu sobrevivi
.
Os véus de neblina, aragem fria
Esparsam o meu pensamento
Relendo a tua tão bela poesia
Vai-se embora o meu tormento
.
(Lena Ferreira)

OUÇA-ME!

.
Ouça-me, meu bom amigo!
Já cansei te falar:
Basta de destilar amargura
Eu sei, a vida às vezes é tão dura
Mas queixumes não levam a nada, não...
.
Levanta, vai...
Toma de vez uma atitude
Dessa tua inércia, desgrude!
Ponha muito mel no teu fel
Creia: o espelho nos ilude...
.
Levanta a cabeça, tira o véu
Agradeça a Eterno pela ajuda
Se tu, meu bom amigo, não muda
Como quer que a tua vida mude?
.

(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMINAR VII

.
Podem nos tirar as flores, mas nunca a primavera."
( Eduardo Galeano )
.

Podem vir mil ventos a
Nos sacodir as plantações,
Tirar as folhas das nossas árvores,
As lindas pétalas das
Flores do nosso jardim
Mas as nossas raízes
Nunca conseguirão arrancar...
A cada ciclo fechado, a
Primavera nos trará tudo de volta.
.
(Lena Ferreira)

VERSOS RENASCIDOS

.
Versos de amar, doentes,
Recolhidos ao leito-poeta
Deliram; garganta aberta
Sussurros tão incoerentes
.
Sufocam, do poeta, o peito
Numa dor tão latente;crua
Su'alma já não é mais sua
Dos versos doentes; efeito
.
Clama uma súplica, o poeta:
Dá-me, Deus, o refazimento
Minh'alma, de amor, completa
Dá aos versos renascimento...
.

(Lena Ferreira)

RIMOS

.
Ri a
Ira
Pira o
Imo
.
Arre!
.
Perco o
Tino
Peco
Pego o
Limo
Ramo
.
Pá!
.
Remo
Rio
Rimo
Rimos
.
(Lena Ferreira

UNS E OUTROS

.
Enquanto uns se rendem
Muitos outros vão à luta
Enquanto uns se vendem
Muitos outros são labuta
.
Enquanto uns são corte
Muitos outros são sutura
Enquanto uns tem sorte
Muitos outros tem postura
.
Enquanto uns são prosa
Muitos outros são alegria
Enquanto uns cheiram rosa
Muitos outros cheiram poesia
.
(Lena Ferreira)

PÁSSAROS CANTAM

.
Pássaros cantam minha canção
Um lindo cântico de liberdade
E desde a minha tenra idade
As notas tocam em meu coração
.
Sinto o roçar das asas no peito
E cada nota é um fôlego novo
Ando tão preso em meio ao povo
Com o cantar dos pássaros; refeito!
.
Pássaros cantam em minha janela
Levantam voo em mim; liberdade
E mesmo que julguem não ter idade
Sorrio para a vida... Ela é tão bela!!
.
Pássaros cantam minha canção
Enchem meu peito de esperança
Fazem-me sentir tal qual criança
Quando os ouço, voo além do chão...
.
(Lena Ferreira)

AMOR PERDIDO

.
Amor perdido em versos,
Lastimo tanto ausênsia tua
Minh'alma vai, vagava nua
Por teus caminhos dirpersos
.
Vasculha, querendo encontrar
Versos de amar novamente
Procurando, incessantemente,
Teu rosto durante o caminhar
.
Minh'alma, nua, vagando vai
Lastimosa pela ausência tua
Lanço aflito apelo à musa lua
E uma lágrima ressentida cai...
.
Pelas esquinas, becos, na rua
Ecoam sussurros de meus ais...
.
(Lena Ferreira)

NÓS DE CÂNCER

.
Nós de Câncer
São linhas emaranhadas
Pela lua
São novelos entremeados
Tão mistos
São traços transparentes
Qual água
São tormentas imaginárias
Tão suas
São conchas fechadas
Tão frágeis
São marés inconstantes
Tão dadas
São apegos a tudo e a
Tão nada
Nós de Câncer
São fases
Tão cruas...
.
Nós, de Câncer
Somos almas
Tão apaixonadas...
Nuas!
.
(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMAR VI

" Acho que somos um segredo de amor que solveu a fantasia do tempo" Saturno


Acho no céu um brilho
Que cinge o nosso encontro
Somos almas prometidas
Um do outro, juramentado
Segredo mantido por estrelas
De brilho intenso, azulado
Amor que ultrapassa o tempo
Que venceu obstáculos e
Solveu com docilidade
A barreira do imaginário, da
Fantasia, do intocável
Do desconhecido, do espaço e do
Tempo...

.
(Lena Ferreira)

MAR AMIGO

.
Em águas salgadas eu me banho
Para repor a energia desperdiçada
Em conflitos inúteis e tamanhos
Que quase me deixam despedaçada
.
Em águas salgadas eu me refaço
E das ondas que batem, faço canção
Notas que antes eram um estilhaço
Hoje, harmônicas, tocam mi'a emoção
.
Em águas salgadas eu deixo que vá
Todas as mágoas; todo ressentimento
Pois, amigo melhor que o mar, não há:
Leva, silente e cúmplice, o meu lamento...
.
(Lena Ferreira)

PALAVRAS QUE FEREM-ME

.
Ferem-me as palavras mudas,
Subentendidas,
Entrelinhas despretenciosas
Que chegam sorrateiras, enfeitadas de rosas
E lançam os seus espinhos sem cerimônia...
.
Sangro versos, sangro rimas; poesia se esvai
E o perfume que exala das rosas? Não sei...Não sei...
.
Ferem-me essas palavras tortas
Desalinhadas, zigue-zagueando meus pensamentos
Fazendo-me, por instante breve, crer
Que suas letras-rosas tem perfume de verdade...
.
(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMAR V

.
"Tuas esperanças são legítimas, teus sonhos são puros
da alma que sabe a que veio." Anorkinda
.

Tuas palavras nos remetem à
Esperanças adormecidas há tempos
São palavras de bom ânimo, energias
Legítimas, que elevam a nossa auto-estima
Teus pensamentos, grandiosos; mundo de
Sonhos inomináveis e lindos
São pontes onde passantes vão e vem; risos
Puros, expressões claras, limpas...
Da vida, pouco sabes mas tua
Alma te conduz no caminho
Que o Eterno escolheu e indica com a Luz...
Sabe que pode sempre contar com
A ajuda dos seres de Luz
Que te cercam e te protegem desde que
Veio a esse mundo de provas e expiações...
.
(Lena Ferreira)

OLHE BEM


Mira essa figura à tua frente
Não sou apenas o que vês
De riso fácil, tão contente
Por trás, sou séria: tu crês?

De meu lado, o que vês:
Menina tímida e infantil
Bem sei do fácil ardil
Que convém ao freguês

Acima, tu crê no que vês?
É fruto de visão deturpada
Não tenho coroa; não crês?
Sou carne, osso; humanizada

Abaixo, vamos todos ao pó
Não assimiles o que vês
Não existe sangue de marquês
Temos entranhas, pele e só

Mira esse figura a tua frente
Nunca fui mais do que tu
Sou ser humano, sou gente

Olhe com o coração latente
Somos iguais, eu e tu
Da árvore da vida, a semente

Lena Ferreira e Anorkinda Luz

OUSADIA


Ave pequenina e ousada
Alçou o seu vôo primeiro
Mas um tanto precipitada
Levou um tombo certeiro
.
Suas asas ainda não prontas
Seu vôo foi um tanto incerto
Ave, inocente, não deu-se conta
Viu longe o que estava perto
.
Voltou para o ninho, mui triste
Mas disse: desistir eu não vou
Só consegue quem muito insiste...
Agora pronta, outro voo ousou.
.
(Lena Ferreira)

NOVAMENTE INTEIRA

.
Perco-me em mil divagações
Sentada ao abismo de mim
Reais e sonhadas emoções
São tantos conflitos, enfim...
.
Abaixo do abismo eu vejo
Sua imagem já quase apagada
Acima, vislumbro o desejo
De entrega, tão apaixonada
.
Ao meio, aos pedaços, me vejo
Tentando me sedimentar
E nessa tentativa, o desejo
De inteira, novamente estar
.
Sentada no abismo de mim
Vejo quem fui e quem sou
Levanto... Caminho e enfim
Inteira para a vida me dou!
.
(Lena Ferreira)

SE EU FOSSE VOCÊ

.
Se eu fosse você
Merguharia no mar; oceano
Formularia um ousado plano
Eu tentaria outra vida, enfim
.
Se eu fosse você
Saltaria do mais alto edifício
Resolveria a questão mais difícil
Eu tentaria outra vida, enfim
.
Se eu fosse você
Arderia no fogo do inferno
Andaria nu em pleno inverno
Eu tentaria outra vida, enfim
.
Se eu fosse você
Eu plantaria no outono semente
Na primavera, mil flores, contente
Eu colheria outra vida enfim
.
(Lena Ferreira)

FEITIÇO


Lançou-me o feitiço, a lua
À noite, minha alma, revelo
Buscando estrelas, quase nua
Entôo canto; mil sonos, velo
.
A lua, tão faceira e vaidosa
Sorri para mim quando canto
No feitiço ela é tão poderosa
Quanto à noite com seu manto
.
A lua lançou-me um feitiço
E, insone, rendo-me à maresia
Talvez seja mesmo por isso
Que escrevo tanta...tanta poesia...
.
(Lena Ferreira)

SORRIA, SEMPRE!

.
Receba a vida sempre com sorriso
E certamente ela te sorrirá de volta
Pois acredite que não há revolta
Capaz de alcançar o bem preciso
.
Se queres conhecer o paraíso
Mantenha-te sereno; busque a paz
Agindo desta forma é bem capaz
Que desça deste muro; indeciso
.
Se diante do espelho um riso solta
A imagem refletida sempre volta
E contagia o ser, serenamente
.
E toda esta tristeza em ti envolta
Desaparecerá assim, completamente
Diante d'um sorriso, simplesmente
.
(Lena Ferreira)

POETISA


Sou água que o vento embala
Sou vazante, sou maré
Sou verso que não se cala
Inconstante; juíza e ré
Sou mágoa que inunda a fonte
Sou instável, leve brisa
Sou sol por detrás do monte
Incansável; poetisa

(Lena Ferreira)

LIBERDADE

.
Nos confins de minha alma
Encontrei um sentimento perdido
Vagava, com osdois pés doídos
Corroídos por meus tantos traumas
.
Cansado, já fraco e gemente
Um desmaiado sorriso esboçou
Os braços para o azul do céu lançou
Mãos em palmas, olhos clementes
.
Sussurrei-lhe uma prece forte
Tão tocante e tão pura em verdade
Que o sentimento de liberdade
Deu adeus à sua anunciada morte...
.
(Lena Ferreira)

MADRUGADA SERENA

.
Serena desliza a madrugada fria
A lua, triste, bóia no negro oceano
Esqueço-me dos meus desenganos
Compondo, com estrelas, poesias
Serena desliza a madrugada fria
.
Lágrimas já não rolam da fonte
Que, de tanto desaguar, secou
Vento forteque por aqui passou
Petrificoi a expressão da fronte
Lágrimas já não rolam da fonte
.
Vem vento leve, trás a maresia
Inunda a fonte de minhas águas
Não suporto (com)por mágoas
Quando escrevo minhas poesias
Vem vento leve, trás a maresia...
.
(Lena Ferreira)

CREDO

.
Creio no infinito poder da bondade
Que reside em todo ser humano
Embora, por conta de frivolidade,
Ela seja vista como um desengano
Creio no infinito poder da bondade
.
Creio no infinito poder do amor
Que paira sobre todo ambiente
Embora por conta de tanta dor
Ele seja contaminado ou silente
Creio no infinito poder do amor
.
Creio no infinito poder da prece
Que nasce em nós, num clamor puro
Creio! Creia! Deus não nos esquece
E sempre alumia o nosso escuro
Creio no infinito poder da prece!
.
(Lena Ferreira)

FLUTUANDO

.
Vamos apagar todas as cicatrizes
Que revelam aos olhos, antigas feridas
Vamos esquecer nossos deslizes
Que reviram as emoções adormecidas
,
Vamos rasgar as nuvens cinzas
Que impedem a sublime visão do sol
Vamos soprar na tristeza, leve brisa
Que vem rompendo o dia em arrebol
.
Vamos saltar; flutuar num voo infinito
Tocar de leve as asas do querido Gabriel
Vamos crer que na vida, tudo é bonito
Quando se olha com olhos lindos de céu...
.
(Lena Ferreira)

SEM PRESSA DE SER FELIZ

.
Caminho, sem pressa
Em busca da felicidade
Não carrego comigo nada
Que me prenda a esse mundo
.
Caminho livre, solta; aberta
A todas as possibilidades
E digo, a bem da verdade
Não vivo em estado de alerta...
.
Sem pressa, caminho
Despreocupadamente
Crendo ser essa, a forma
Mais acertada de encontrar
O tão sonhado estado de SER!
.
(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMAR IV

.

“ E o ímpeto rasgou-lhe ali”
.

E da mistura de sentires latentes
O verso espalhou-se pela alma e num
Ímpeto violento
Rasgou-lhe as fibras poéticas bem
Ali, na mão que descansava sobre o papel
.

(Lena Ferreira)

O RIO DA VIDA

.
As águas do rio da vida
Escorrem do seu leito sereno
Às vezes em corredeiras caudalosas
Desviando-se das pedras do caminho
Muitas vezes deslizam pelo percurso
Sem dar-se conta da paisagem à volta
O rio da vida às vezes é manso, calmaria
Passa, silente, paciente e observador
Derrama-se e nutre a margem; ribeirinhos
Espalha-se, alaga a margem; nunca sozinho
O rio da vida pode ser bravio, intenso, irado
Mas toda essa violência (inútil) não quebrantará
As tantas pedras que há de encontrar pelo caminho...
.

(Lena Ferreira)

POESIA SUBLIMAR III

.

'”E é claro que voar sem asas o tombo é fatal”'

.
E quando a noite desce o véu
é que recolho minhas asas de voar sozinha
Claro que arrisco-me em solidão
Que pode corroer-me em tristezas
Voar para mim é o meu alento
Sem medo, vou e sem tormento, nas
Asas da minha inocência, não temo
O anunciar do tombo, à noite, asas recolhidas...
Tombo meu corpo sem asas, propositadamente
É que não quero permitir ao destino o
Fatal' sarcasmo de zombar de mim....

(Lena Ferreira)

POEMA CONSTRUÍDO

.
Um vento vindo
(Não sei se do norte)
Grita: não é poeta!
.
Fabriqueta de frases
Só mot(e)ivação
Versos-tijolos
Rimas-cimento
(Ins)piração
Sem sentimento
.
Um vento gritou
Ao pé do ouvido
Poema construído
Perde o seu valor
.
Um vento soprou
Soprou bem forte
Poeta, poeta não é!
.
Um vendo vindo
(Não sei se do norte)
Soprou...Soprou...
Passou...Passou...
.
Poema construído
(A)firmou-se de pé!
.
(Lena Ferreira)

MEU TRÂNSITO

.
Transito, leve de culpa
Por dois mundos distintos
E, em cada um deles,
Carregando rótulos mil,
Meu Eu sempre acompanha-me:
Alma nua
Sorriso vestido de verdade
Peito sem maquiagem
Voz sem retoques
Rosto sem máscaras
Pés descalços
Transito, leve de culpa
Por dois distintos mundos
E, apesar dos mil rótulos
Sigo sempre meus instintos
E meu Eu sempre acompanha-me
.
(Lena Ferreira)

O MAR DE TEUS OLHOS

.
Debruçada
Nas areias do teu peito
Ponho-me a admirar
O mar dos olhos teus
Ondas quentes, de desejo
Convidam-me a um mergulho
E vou...
.
(...)
.
Submerjo em teu oceano claro
Resgata-me com teu raro beijo...
.
(Lena Ferreira)

NOSSA HISTÓRIA

.
Nossa história, escrevo a dura penas
Umas páginas pela tinta são borradas
Algumas com lágrimas, outras amenas
Reticências e algumas letras apagadas
.
Nossa história... Um capítulo por dia
Forma um livro volumoso, capa dura
Páginas de tristeza, amor , de alegria
Rompimentos, reconciliações, ternura
.
Nossa história se parece com milhares
De outras histórias; de outros casais
Lembranças, tantas, tão espetaculares
E escrevê-la, com prazer, eu sou capaz!
.

(Lena Ferreira)

DELÍRIO

.
Minha mente em convulsão
Febrilmente delirou...
E, vagando por paragens estranhas
Mostrou-me imagens grotescas
.
Vi corcéis alados
Soprando labaredas incandescentes
Pelas narinas, convidando-me ao voo
.
Vi botos, tritões e sereias
Com o corpo escamoso, opaco e frio
Nas areias de escaldante deserto
Presos nas redes de pescador; teias
.
Vi letras e frases pousando em nuvens gris
Recolhidas, aguardando a nesga de sol
Vi o vento desviando-se da alva folha, da pena
Vi, por certo em delírio, toda sorte absurda
Vi a minha boca, por instante breve ficar muda
E no desfecho do meu delírio, vi minh’alma serenar...
.
(Lena Ferreira)

PASSADO

.
Presa às teias do armário
Aviso meu antigo diário
Surrado, bolor impregnado
Suor desidratado, fétido
As lembranças em folhas gastas...
Deixo-o de lado; poupo-me:
O ontem, embolorado, sufoca...
.
(Lena Ferreira)

DONA LUZ E O ESCURO

.

Dona Luz encontrou o Escuro
Coberto entre manto e mágoas
Almejando transformar-se; puro
À beira d’um rio de limpas águas
.
Dona Luz quis tocá-lo de leve
O Escuro era arisco demais
Até que por um instante breve
Distraiu-se e Dona Luz, atrás
.
Retirou dele toda mágoa e manto
A cada toque, o Escuro iluminava
À beira do rio, entoando um canto
Dona Luz, o Escuro, purificava...
.
(Lena Ferreira)

SEDAS RASGADAS

.
Sedas rasgadas
Sem autenticidade
Arderam na fogueira
Da vaidade
.
Orgulho, pomposo,
Debatendo-se
Em chamas
Consumiu-lhe
O fogo
.
Sedas rasgadas
Vão a pó
Cinzas
Tornam a alma
Doente
Turvam a visão
.
Sedas rasgadas
São trapos
Que (e)levam (a)o chão
Supondo cobrir
Um buraco inteiro
.
Sedas...Não cedas
Ao tecido vistoso
Vista-se de um tecido
Discreto, resistente
E receberás um elogio
Verdadeiro...
.
(Lena Ferreira)

AGONIA

.
Tempestade em noite fria
Mar revolto em turbulência
Ressaca ao longo do dia
Esqueço-me em sonolência...
.
Letras tombam na areia
Desfalecidas, semimortas
Vento; minh'alma serpenteia
Recriando frases tortas...
.
Intentando o lenimento
Para essa imensa agonia
Imploro ao mar turbulento:
Devolve a minha poesia...
.
(Lena Ferreira)

NOTAS RARAS

.
Mar sereno, ondas claras
Leve vai meu pensamento
A doce brisa do momento
Trazem-me notas tão raras
.
Claro dia, lentos passos
Deixam marcar na areia
E a visão que incendeia
Miragem; os seus abraços
.
Vem, então, ó meu amado
Vem, componha a melodia
Vem em completa harmonia
.
Siga as marcas na areia
Liberte-se da pesada teia
Que prende a sua poesia
.
(Lena Ferreira)

POR TEU CARINHO

.

Por teu carinho
É que derramo
Tantos versos...
.
Em cada toque
Vem a minha
Inspiração...
.
A lira do amor
Teus dedos tocam
Em suave sintonia
Com minha pele
.
Em cada toque
Surge um verso
Mais bonito!
.
Mas, por favor
Não me apontes
O verso favorito...
.
Por teu carinho
Comporei
Cada vez mais...
.
(Lena Ferreira)

LIBERTA

.
Minh'alma fragmentou-se em versos
Para com(por) a poesia na minha vida
E as palavras a muito tempo contidas
Derramaram-se pelo imenso universo
.
Garganta aliviada, corpo leve, mais aberta
Embora em pedaços, dividida; eu inteira
Finalmente pude ter certeza; a primeira
Minh'alma fragmentada em versos:eu liberta!
.
(Lena Ferreira)

SEMPRE QUE VENS...

.
Sempre que vens
Com teu verso perfeito
Enlouqueço
E da dor que causaste
Me esqueço
Entrego-me novamente
À paixão
Sempre que vens
Com tua preciosa rima
O meu verso, enfim, reanima
E entrego-me à composição
Sempre que vens
Trás contigo minh’alma à tona
Pois teus versos, todo mal abona
Devolvendo-me à inspiração
Sempre que vens....
.
(Lena Ferreira)

NO SEU CÉU

.
Minha língua
Passeando no seu céu
Encontrou uma estrela
A mais bonita, a mais bela
Inundando minha boca
Com seu intenso brilho
Fez-me, por instantes, louca
No seu céu, eu...fora do trilho
Minha língua... sua estrela...
Soou-me como uma bela composição
Rastro de pura luz, magia e sedução
Ah...Como eu sonhei um dia em tê-la...
Sua estrela...minha língua...
Fonte da minha (ins)piração:
O seu céu!
.
(Lena Ferreira) 31 mai Lena Ferreira
MAIS NADA...
.
Sonhei que eu era a tua poesia
Quando acordei, vi que era somente prosa
Não tinha rima, simples fantasia
Não era eu como supunha; a mais formosa
.
Sonhei também que era teu soneto
Mas quando acordei, vejam que triste sina
Não éramos mais o casal perfeito
Não era eu mais aquela preferida menina
.
Aquela que inspirou teus mil poemas
E que te arrancou suspiros tantos
Que desfilou por tantos; muitos temas
Hoje acorda sem rima; só prantos
.
Agora, vivo assim, tão vazia
Do sonho, restaram suspiros apenas
Não há poema, nem poesia
E minh’alma deixou de ser serena
.
(Lena Ferreira)

NÂO ABRA!

.
Em letras garrafais
Visíveis a longa distância
Estava escrito: PERIGO!
Uma caixa tão pequena
Desenhada em teu peito
Não resisti, não teve jeito...
.
E, curiosa, fui logo abrindo
Vi teus medos te consumindo
Tantos traumas, tantas angústias
Lágrimas, pranto, desilusões, tantas...
Chagas, incertezas, dúvidas, injúrias
Espalharam-se pela minha alma
Absorvi muitos dos teus traumas
Imprudente, não resisti à tentação
E abri a pequenina caixa do teu peito...
.
A caixinha estava ali, tão quieta
Inda trazia um sinal de alerta:PERIGO!
E agora, mesmo querendo fechá-la, não consigo...
.
(Ao longe...um sussurro acusador: eu bem que te avisei...)
.
(Lena Ferreira)

PARTITURA SEM NOTAS

.
Minha pele é uma partitura
Com mil notas invisíveis
Aos teus toques sensíveis
Elevam-se a grande altura
.
Tua pele é chama ardente
Que incendeia a sinfonia
Põe na partitura a euforia
Orquestra incandescente
.
Minha pele, notas, tantas,
Invisíveis; macia partitura
Tua pele; chama. Cantas
Minhas notas com ternura
.
(Lena Ferreira)

REFLEXO SEM NEXO

.
Sou minha própria paisagem
Diante do espelho, o reflexo
Às vezes um jardim complexo
Em outras; simples folhagem
.
Por conta de tanta estiagem
Às vezes nem sei onde estou
Nem sinto se o tempo passou
Só sei que carrego bagagem
.
São tralhas e cacos em nó
São restos que em vão recolhi
Caminhos que eu não escolhi
Mas hoje os percorro e vou só ...
.
(Lena Ferreira)

MÃOS VAZIAS

.
Pouco a pouco, senti escorrer
A fria areia por entre os dedos
Talvez por meus tantos medos
Nenhum grão consegui conter
.
E foram-se espalhando ao chão
Misturaram-se ao meu pranto
Sedimentando então meu canto
Emudecendo no peito a emoção
.
Pouco a pouco, de mãos vazias
Afogada em medos e lamentos
Sinto que nesse exato momento
Silenciou-se, em mim, a tua poesia...
.
(Lena Ferreira)

À BEIRA-MAR

.
Ruíram-se os castelos erguidos...
Já não tenho eu mais morada
À beira-mar foram eles construídos
Agora...Não me resta mais nada
.

Ruíram-se...Todas as palavras ditas
Todas aquelas juras de amor eterno
Ruíram-se...Se tu inda não acreditas
Não te iludas com este meu olhar terno...
.

Maré alta, violentamente bela e fria
Avançou de repente e da areia quente
Levou sonho... Levou vida...Inocente!
.
Ergui os meus castelos à beira-mar...
Tola eu...Permaneço assim; terno olhar
Diante desta cena tão deprimente...

(Lena Ferreira)

POR AMAR-TE TANTO...

.
Por amar-te tanto é que vejo-me assim...
Com um sorriso aberto estampado na face
E não há artifício possível que disfarce
Toda a felicidade refletida agora em mim
.
Por amar-te tanto, sinto-me completa
De corpo, de alma; com a mente leve
Se paro e penso por um instante, breve
Logo vem-me tua imagem, ó meu poeta!
.
Por amar-te tanto, entrego-me, plena
E meu sorriso, bobo, no rosto insiste
Na certeza de que tu realmente existe
.
E diante de tanto amor...Quem resiste?
Nem mesmo o alvo papel, a fria pena...
Nem mesmo minh'alma ...antes serena!
.
(Lena Ferreira)

CORAÇÃO-PASSARINHO

.
Meu pobre coração-passarinho
Hoje amanheceu sem cantar
Por não ter-te encontrado no ninho
No meu peito até parou de pulsar
.
E agora...Sinto-me tão sozinho...
Sem as minhas asas para voar
E estando assim...tão tristinho
Como conseguirei te encontrar?
.
Eu vou é sussurrar um lamento
Será que tu conseguirás me ouvir?
Colocarei todo o meu sentimento
.
Bem sabes..Não preciso mentir!
Eu juro! Nunca quis te iludir...
Se tu pensas assim...Só lamento!
.
(Lena Ferreira)

(IN)VERSO

.
De certas poesias, faço amores
Decorando verbos, retirando dores
E vou vivendo cada letra, cada ponto
Com a certeza que o amor insiste
Em rimar com a minha vida
Mesmo que o descompasso na métrica
Teime em desestimular meu verso
.
Eu sigo...
.
Amores certos existem
São realidades nuas
Onde eu apalpo o meu (in)verso...
.
(Lena Ferreira)

O QUE OFEREÇO

.
A você, ofereço-me, alma nua
Entrega absoluta dos passos
Sentir-me desejada, toda tua
Sorrir acarinhando seus braços
.
O suco que brota de minha boca
Darei a você, com muito prazer
Embora lhe pareça tanto louca
A sede é minha: quero-lhe beber
.
Um hálito fogoso da boca exala
Palavras são inúteis nessa hora
Porque o meu corpo agora fala
.
Sinto que minha pálida tez cora
No meu peito, coração não cala
É desejo de entrega que aflora.
.
(Lena Ferreira)

PARAÍSO

..
É tão gostoso anoitecer nos teus braços
Enrolada entre pernas e grossos pêlos
Embalada pelo hálito morno e fresco
E o descompasso arfante do teu peito
..
Tendo ao fundo a canção do vento
Que balança as cortinas, suavemente
E a lua, semi-oculta pelas nuvens
Iluminando mansamente nosso leito
..
É tão gostoso repousar ao teu lado
Recuperar-me da exaustão do amor
Acariciar o teu suado e saciado corpo
E sorrir, cúmplice, pela satisfação
..
É tão gostoso amanhecer, despertada
Com doce beijo e uma flor no sorriso
E perceber como é bom ser amada
Por quem se ama: isto sim é o paraíso!
.
Lena Ferreira-04/03/09

MAR DE LETRAS

.
Penso que sou palavras
Nesse mar de letras que se
Agiganta e me engole
Me engasgo, me afogo
Sem afago, sem fogo
Sem ar...Me limito...
.
Penso que sou palavras
E essa não certeza me tolhe
Me castra... me solta de
Mim...Penso, apenas...
.
E no vácuo dessa
Incerteza eu verso, cola
Na mão, juntando as
Letras...deixando marcas
Da minha imperfeição
Amontoadas em páginas
(re)viradas...
.
Lena Ferreira-03/03/09

EXCLUÍDOS

.
Água escassa
Rugas secas
Fome riscada
No rosto
.
Magras tetas
Prole farta
Mágoa alguma
No peito
.
Um desgosto:
Velho Chico corroído
Desliza manso e largo
No quintal de chão batido
.
Miséria de vida solteira
Mata-lhe a sede
Lágrimas amargas
.
Lena Ferreira-02/03/09

VENENO

.
A aspereza de uma palavra
Arranha mais que na língua
Corta o peito e crava
Levando a alma à mingua
.
Decerto não pensa no fato
Quanto o verbo abre a boca
Se acaso pensasse no ato
Faria supor-se muito louca
.
Pois o veneno da aspereza
Espalha-se, o ar contamina
Envolverá a ti com certeza
Pense antes de falar, menina!
.
Lena Ferreira

AMA-ME LOGO

Ama-me logo, eu te digo
Sem pudor e com urgência
Quero tanto estar contigo
Não suporto tua ausência

Ama-me logo, eu te peço
Sem limites, sem cuidados
Muito anseio o teu regresso
Já mandei-te uns mil recados

Ama-me logo, eu te imploro
Sem pudor, sem castidade
Sem teu corpo eu...eu choro
Já te falei: digo a verdade

(...)

Ama-me logo, eu te ordeno
Entrega-te a mim com mui fervor
O teu corpo, verbo obsceno
Conjugarei com meu infinito amor

Lena Ferreira-14/02/09

(CON)VERSANDO

..
Bom mesmo é conversa de Bar
Com bom chopp ou cerveja gelada
Poesia em semente a brotar
Relembrando a memória passada
.
Entre um gole e outro então
As palavras se soltam; universo
Tendo ao fundo alegre canção
Vão nascendo, um a um, lindos versos
.
A conversa...Os poetas alegres
A fio, as horas, por horas
Mais parecem segundos; breves
.
Os relógios-poetas em greve
Nas horas a passar se demoram
Nem dão conta do romper d'aurora.
.

Lena Ferreira-08/02/09-

PRETÉRITO IMPERFEITO

.
Ah! Se ele soubesse ler a essência minha
Se soubesse...dispersaria a maresia;
Gotículas de amarguras, densa e fria
E aconchegando-me ao seu peito, diria:
- Serei navegante em seu mar, constante
.
Se eu lhe fizesse saber da carência minha
Se dissesse... concretizaria a utopia;
Respiraria vida pura, noite e dia
E entregando-me em seu leito, seria
A louca viajante desse amor, distante
.
Se ele pudesse perceber a ausência minha
Se pudesse... seria minha companhia;
E despiria a armadura, e sorriria
E me enroscando em seu jeito, faria
O amor embriagante sem cessar, rompante.
.
Ah...Se ele quisesse...Eu não seria minha
E se quisesse...Definitivo eu me despediria
Dessa arrogante senhora: Dona Agonia
Que me entorpece numa dor cortante
.
Se ele dissesse...Vem! Sê somente minha!
Se sussurasse meu nome...me lançaria
Na imensidão de desejos contidos; arderia
Nos seus laços-abraços; a alma entregaria
Levaria à eternidade a imagem desse instante
.
Lena Ferreira & Wasil Sacharuk

MUDO-ME

.
Mudo a cama
de lugar
Mudo a roupa
de corpo
.
Mudo o gosto
Da saliva
Mudo a razão
do rosto..
.
Mudo o tanto
de desgosto
Mudo
do canto
O coração
.
Mudo a palavra
da boca
Mudo
do mundo
A razão..
.
Mudo o discurso
Imundo...
Mudo o todo
Em vão...
.
Mudo
me
Mudo
.
Lena Ferreira-05/02/09

ABALO E CISMO

...
Abalado
Com a bala
Que baila
Na boca
Antes oca
Oculto a
Dor cravada
Na carne
.
Cismo; a bala
Sabor frio-doce
Da boca travou
Minha voz
Minha fala
.
Eu cismo e teimo:
No embalo que
A bala me acerta
Jamais perderia o
Alvo...Boca aberta
.
Meu crivo
(Res)guardo
Aguardo, invento
Um trauma
Um jeito
Agonia alada
.
No peito
Reflexo de
Minh'alma:
Rejeição
Calada...

Lena Ferreira-05/02/09-14:01hs

EMBRIAGUEZ

...

Quero tomar
Da vida um porre
De breves goles
Basta minha agonia

Revirando meus olhos
Acordando meus medos
Seduzindo meu canto
Desinspirando poesia

Basta!

Mergulharei de vez
No barril transbordante
E sorverei cada gota
Embriagando-me de vida

Lena Ferreira-23/12/08

MAIS UMA FARSA

E daí?
Nem ligo...
Podem vir os sinos
A badalar
Podem tocar sonatas
A consolar
Todo embuste enfeitado
Com neve e galho seco
Não mais me iludo!

Não me sinto...Sinto muito!
Nossas fotos, decoradas
Com falsidade
E meus vestidos
Desbotados pela insensatez
Guardados no baú
Cobertos pela poeira da desilusão
Escondo: tudo uma farsa!

Lena Ferreira-22/12/08

INVEJA À LUA

Quero uma noite ensolarada
Bronzear-me nos teus braços
Invadindo a madrugada
Derramada em teus abraços

Quero provocar inveja à lua
Fria, solitária lá no céu
Eu no leito quente, toda tua
Retirando cada parte do meu véu

Quero me entregar de corpo inteiro
Nesta noite mais que em outras, aliás
Prazer como se fosse o primeiro
Deste-me e dar-me-á cada vez mais

Lena Ferreira-19/12/08

FANTASMA SEDUTOR

Vago a noite vã
Pelo quarto trancado
Vejo vulto vindo...

Vilã, minha inconsciência
Assanha desejo
Voraz, veroz!
Voz...Não; sussuro
Murmúrio sustenido
Solto no ar

Arfante, gélido, cortante
Me atrai...
Trai-me a consciência

Clemência
Demência
Delírio
Consumado

Invadida
Possuída
Deflorada
Saciada
Extasiada

Por quem
Alguém
Mas como
Se a porta
Fechada?

Lena Ferreira-19/12/08

ENSINA-ME A SONETAR

Mestre Poeta, qual o segredo
De tão lindos sonetos compor
Diga a mim, não tenhas medo
Porei minha mente ao teu dispor

Invejo-te, descaradamente
Rimas ricas, versos cadentes
Deixando-me, completamente
Boquiaberta,sorriso fremente

Desvenda-me, ó Mestre então
A magia do teu encantamento
Seguirei teus passos. A visão

De todo teu transbordamento
É sorver cada gota em verso
Para o meu deslumbramento

Lena Ferreira-17/12/08

SOLIDÃO (IN)TENSA

Multidão de sonhos
Povoam minha mente
De solidão (de)componho
Morrendo lentamente

Envolta em meus pensamentos
Não percebo o tempo passar
São tantos os ressentimentos
Que n'alma pressinto brotar

Como tênue fio d'água, mansa
Córrego, rio, deságua no mar
Alma minha jamais descansa
Enquanto a solidão não serenar

Olho ao alto, solitária estrela
Céu imenso, negro como breu
Ah...Como sonho um dia sê-la
Vislumbrando,ao longe, meu eu


Lena Ferreira & Janete do Carmo-17/12/08

EROS EU MORPHEU

Eros invadiu meu quarto
Encontrando Morpheu
A me seduzir

Que embaraço!

Fitou-me nos olhos
Embriagados
Quase apagados
Tomou-me nos braços
Acendi

Morpheu,constrangido,
Desviou o olhar...
Mirando as estrelas
E a lua no céu sorridente
Chorou, com a tocante cena
(a do céu e a do leito)
E seu rosto cobriu com um véu
Um tanto contrafeito

Eros, enlaçado ao meu corpo
Devorava-me
Embolando lençóis
Esta noite correu lentamente
Na penumbra eu vi muitos sóis

Extasiados
Sem noção de tempo
Nos rendemos a completa exaustão
(Eros e eu)
Eros me deixou sorrateiramente
Devolvendo-me aos braços de Morpheu

Lena Ferreira-16/12/08

ABSTINÊNCIA

Despeço-me de ti
Com um 'até logo'...
Mas logo que te vais
A angústia me assalta...

Que dizer pr'um peito
Ansioso, carente, dependente?
Por mais que te tenha
Mais vontade...

Não te amo; dependo!
Uma dependência viciante;
Quero me desintoxicar de ti...

Abstinência me enlouquece!

Sôfrega, rasgo meu peito:
Ato desesperador
( único jeito )
Arranco-te de dentro de mim...

Lena Ferreira-31/10/08

(AR)RISCO

Enquanto
Minha inspiração
(Des)cansa
Sigo
Re(in)spirando
Novos ares

(In)tento
(Re)criar
Novas
Outras
Palavras
Tantas

(Ar)risco
Compor
Concreta(mente)

Arisco
Meu verso
Cor(reu)
Livre


Lena Ferreira-15/12/08

CHAMA

O calor de tuas mãos, incendeia
Tua arte.Teu sopro aviva a brasa
Em chamas faz poesia: arrasa!

Incinera a paixão, chama (o amor)
E das cinzas, componha um verso
Quente, exalando do sexo, o odor
E descansa, aspirando meu reverso

Transforma a labareda em calmaria
Enfeita com palavras nosso canto
Inspirando-te a mais uma poesia
Soprarei, de novo, a chama, o encanto

Lena Ferreira-15/12/08

INCOERENTE

Gotejam-me
Sentimentos difusos
A me confundir:
Desprezo-te... querendo-te
Gélida...Aquece-me...

Incoerente, extasio-me
Ao não olhar-te; vendo

Confesso meu querer, de fato:
Sacode-me com teus olhos
Aquece-me com teus beijos
Ecoa em minh'alma
Tua cumplicidade
Ao nosso amor...

Lena Ferreira-15/12/08

RESPEITA-ME

Liberto-me
Da frivolidade
Viciante

[Envaidecida
Por fora
Por dentro
Dilacerante]

Liberta
Aceno ao destino
Minha vida EU domino
E sigo sem drama

Sugiro:
Respeita-me. Agora
Sou mulher que ainda chora
Mas mulher que (se) ama!

Lena Ferreira-14/12/08

VÍTIMAS

Onde teus beijos ardentes
Onde teus olhos brilhantes
Teu toque de mãos ausentes
Embaraça-me...Humilhante

Meu grito ecoa silencioso
Numa esperança tocante:
Resgatar o amor sequioso
Redentor...Mulher-amante

Onde teus ouvidos sensíveis
Onde teu colo em combustão
Nosso tempo, sinais visíveis
Nosso amor, vítima da abrasão

Lena Ferreira-13/12/08

POR QUE NÃO

Logo eu
Que supus ter minha vida
Nas mãos, dominada
Fui vencida pelo amor
Quase nada
Me restou das certezas
Que plantei

Logo eu
Que fiz caso de uma lágrima
Sentida
Fui jogada aos teus pés
Desmentida
Por meus lábios que jurou
Nunca amar

Logo eu
Que passei pela vida
Apagada
Hoje com brilho no olhar
Extasiada
Resplandeço qual Sol
De verão

Logo eu
Que olhava-te assim;
Mal-me-quer
Hoje sou tua (e)terna
Mulher
Submissa ao amor
Por que não?

Lena Ferreira-12/12/08

RETRA(I)ÇÃO

Tua boca te (a)trai
Teu desejo te (sub)trai
Teu ensejo te (descon)trai
Teu beijo te (dis)trai
Teu laço te (con)trai
Teu momento te trai

Esse narcisismo
Tolo
Leva-me a
(Re)trair-te...

Lena Ferreira-12/12/08

DIA CINZENTO

Quando o dia desperta, nublado
Choro; entristeço enormemente
Já não tenho-te mais ao meu lado
Ausência tua cala-me, fundamente

O sol, conspirando com o vento
Atrás de grossas nuvens se esconde
Aumenta mais o meu tormento;
Quero aquecer-me...Mas onde?

Passa velozmente, ó cinzento dia!
Vem, ó noite escura a me consolar
Tua escuridão inspira minha poesia
E na poesia o amor hei de encontrar...

Lena Ferreira-10/12/08

MEU GRITO

Falo! Sozinha
Pergunto. Coisas
Recordo. Fatos
Recorto. Tempo
Decoro. Fotos
(A)tiro. Retiro
Coisas do lugar...

Revejo o tempo
Desbotando o passado
Devorando a história
Degolando amados
Devastando marcos

Fatos me são forca
Calam-me à força
Mas resisto
Insisto
Grito:
AMO!

Lena Ferreira-07/12/08

VEM!

Procuro-te, vida minha
Pilar da minha existência
Priva-me o ar; tua ausência
Desinspiro-me sozinha...

Procuro-te; inspira-me!
Alimenta-me de poesia
Motriz; condiz
Me diz: vem!

Sacia minha sede
Saliva-me num beijo
Sussure ao meu ouvido
Verso lido com paixão

Tira-me o eco; o chão
Vem! Indica meu norte
Relampeja meu breu

Amar-te-ei, menino meu
Unindo meu destino ao teu

És meu porto seguro
No tão obscuro
Caminho meu!

Lena Ferreira-06/12/08

LEVE LANÇA

Lanço levemente
A leve lança
Levando à ponta
Um lindo lenço

Apontando em seta
Segue serenamente
Seu caminho

Longe e leve vai
A leve lança
Breve, alcança logo
Seu destino

O lenço, forma
Um lindo laço
Perfumado:
Lírio e jasmim

Levemente;
Sem embaraço
A leve lança
Desata o laço
Trazendo de volta
O teu amor, enfim...


Lena Ferreira-04/12/08

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O amor da gente!!!


Linda Mulher,
Meu doce amor!!!
Assim que eu te sinto
Como os doces encantos da flor!


Como uma amável ternura,
De paz ao amor verdadeiro
Eterna e meiga candura!
Beijando-me por inteiro!!!


És como uma flor...
Encantando a nascente
Como o sol em seu calor!
Aquecendo o amor da gente!!!


By
Edivar poeta!!!

Quero ficar mais um pouquinho!!!


Estou com saudade!!! rs
É tão lindo seu carinho
Que dá-me tanta vontade!
Em ficar mais um pouquinho!!!


By
Edivar poeta!!!

Trovinha de carinho!!!

(P/você)

O carinho que me enviou,
Tão doce em seu recado
Docemente me arrepiou!
E deixou-me feliz emocionado!!!

By
Edivar poeta!!!

Doce princesa!!!


Quero lhe falar de flor,
E do querer do coração
E tratá-la de meu amor!
Na realidade linda...
Desta paixão!!!


Com simples versos perfumados,
Assim como você Mulher maravilhosa
Beijando-me ao cheiro,
Dos campos orvalhados!
E na doçura permanente,
Das pétalas de uma rosa!!!


Assim é você,
Linda como a natureza
Se faz presente em minha vida
Com meiguice e delicadeza!
Como a brisa...
Tocando seu rosto... Doce princesa!!!


By
Edivar poeta!!!

A inspiração do sentimento!!!


Ser poeta... É sentir o amor latente,
Impulsionando com carinho
Um coração aproximando da gente!
Uma mão estendida no caminho!!!


Mesmo com rimas pequenas,
Rimando ao soprar do vento
E que as lágrimas amenas!
Deslizam em sua face...
Ao doce de cada momento!!!


Por sensibilizar,
Cada acontecimento
Assim o poeta a poetar!
A inspiração do sentimento!!!


By
Edivar poeta!!!

Á sonhar em nosso caminho!!!


Páscoa é tempo de mudança,
No sentido de melhorar
Tempo de sentir esperança!
Na sensibilidade de poetar!!!


Em adoráveis entretantos,
Da nobreza pura de um olhar
Assim nossos doces enquantos!
Não terá dificuldade de rimar!!!


E todo o perfume das flores,
Exalarão-se em nossas narinas
Porque há páscoa nos amores!
E também no perfume das meninas!!!


Desta forma o amor,
Será uma páscoa de carinho
Como os doces encantos da flor!
Á sonhar em nosso caminho!!!


By
Edivar poeta!!!

Querer em efervescência!!!


Adorável amiga!!!
Amei sua mensagem,
Com o brilho das estrelas
E a chuva nesta amena aragem!
E com todo o doce do seu carinho...
Senti imensa docilidade... Em tê-la!!! rs


E assim te namorar,
Com sonho e inteligência!
E docemente lhe estreitar!
Fazendo a semente...
Esta árvore da gente!
Querer encantado em efervescência!!!


By
Edivar poeta!!!

Tanto encanta!!!


Quero te falar dos encantos da flor,
E toda essência do seu coração
E da poesia lírica em que amor!
Explode em meu ser... Nesta fusão!!!


É como se estivesses chegando,
Para um banho nas águas da nascente
E que adorávelmente nos refrescando!
Ao banho de amor... Nas águas da gente!!!


Que sentimos todo este bem estar,
Como o orvalho no verde da planta
Esta nossa doce arte de amar!
E que aos nossos olhos... Tanto encanta!!!


By
Edivar poeta!!!

Poesia... Que acaba de nascer!!!


Você é o doce da rima perfeita,
A poesia que desabrocha na nascente
Quando cada verso se ajeita!
Na beleza das águas...
Encantando-se por amor,
Simplesmente!!!


Que se fortalece com ternura,
Aos versos meigos do seu ser
Formando a boniteza e arquitetura!
Desta poesia... Que acaba de nascer!!!


By
Edivar poeta!!!

Como a seretonina... Que te acalma!!!


Querida desejável Musa,
Vim lhe ver com intensa saudade
Sua sensualidade hipotenusa!
Toda a geometria...
Desta doce cumplicidade!!!


Tudo por carinho e poesia,
Em versos destinados ao amor
Com ternura e harmonia!
Do seu doce de mulher!
Aos doces encantos da flor!!!


Que se recompõe com sua presença,
Em um sentimento lindo de alma
Assim o amor... Amável sentença!
Como a seretonina que te acalma!!!


By
Edivar poeta!!!

Ternura em lhe ter!!!


É... Você é mesmo um doce,
Que não consigo explicar
Que bom seria se fosse!
Seus lábios agora!
Meigamente... Á me beijar!!!


Na compreensão poética que o amor,
Não explica...
Mas sente este entender
Como os doces encantos da flor!
Que se encanta...
Na ternura de lhe ter!!!


By
Edivar poeta!!!

Deliciosa fusão!!!


Você tem a perfeicão de uma rima,
Que encanta cada verso do coração!!!
E que docemente ensina!
Todos os precisos detalhes...
Desta deliciosa fusão!!!

By
EDIVAR POETA!!!

Campos perfumados!!!


Vim te ver...
Porque te gosto,
Seu carinho me comove
Quando docemente...
Me enrrosco!
E nada mais me importa!
Você encosta a porta,
E sua meiguice me move!!!

Me inspira chamando atenção,
Com versos lindos e rimados
Amando em cada situação...
Como os campos tão perfumados!!!

By
Edivar poeta!!!

Amável mulher amada!!!


Vim te agradecer,
Por tantas coisas lindas
Por isto estou a lhe escrever!
Sejas em meu coração...
Sempre muito bem vinda!!!


Te amo querida,
Doce pedacinho de mim
Tu és minha minha doce vida!
Com perfume de jasmim!!!


És minha flor encantada,
Cheirosa e muito desejada
Florescendo a minha estrada!
Com suas doces bifurcações...
Amável Mulher amada!!!


By
Edivar poeta!!!

Lugar encantado!!!


Nossa! Por dentro da sua blusa
É um caminho muito lindo...
Eu como homem,
Amo transitar
Descansar
E ficar...
Delirando!
Sonhando...
Com doçura!
Neste encantado lugar!!!rs

By
Edivar poeta!!!

Quando estamos juntinhos!!!


Adoro seus beijos,
Doces e quentinhos
Cheios de desejos!
Quando estamos juntinhos!!!


By
Edivar poeta!!!

Presença de Deus... Em nosso pensamento!!!


Olha, amiga!!!
Você é mesmo uma flor...
Muito cheirosa,
Assim como eu
Gosta de sentir a brisa!

Em cada momento,
Criando a suave presença!
De Deus... Em nosso pensamento!!!


By
Edivar poeta!!!

Com toda certeza!!!


Doce eterno!!!
Incomparável beleza!
A poesia que externo...
Está nos seus lábios...
Com toda certeza!!!

By
Edivar poeta!!!

Cadeira de Balanço


No salão, era o destaque;
Balançava...Balançava.
Quanta ordem ela escutava
Com clareza de sotaque!

O silêncio veio um dia;
Bem num canto ela ficou
E num palco se tornou
Onde exibia, a meninada.

Novo império a reinar,
Perdeu todo o seu espaço:
Perdeu perna, perdeu braço,
Lá nos fundos foi morar.

Quanto tempo, eu não sei,
O necessário para esquecer
A quem manteve o poder
E da cadeira,já foi rei.

Virou poeira o descanso
E com ele, a sua glória.
Não se ouve mais a história
Da cadeira de balanço.


Águeda Mendes da Silva

BRASIL


Brasil, que a gente ama!
Onde está sua auto-estima?
Deixou que dessem em cima
Das coisas que conquistou.
Brasil, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Primeiro, levaram-lhe o ouro;
Depois, quase todo o tesouro.
Mesmo pequeno, você lutou.
Brasil, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Perdeu filhos, perdeu filhas...
Nas batalhas, nas guerrilhas.
Ganhou posses e heróis.
Brasil, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Terra de muitos sóis:
O do outono, o do verão,
Um para cada estação.
Brasil, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Guarde para seus herdeiros
Seus avanços pioneiros,
Trabalho dos filhos seus.
Brasi, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Expulse os invasores,
Fortifique os defensores,
Reedifique o que é sagrado.
Brasil, você é nosso!

Brasil, que a gente ama!
Reconheça o seu valor.
Saiba que mãe tem amor!
Os seus filhos agradecem!
Brasil, você é nosso!

Águeda Mendes da Silva

BASTA CRER


Doe, se tem sobras;
Peça, se tem faltas,
Pois Ele se desdobra
Em bonanças e é Pai.

Vá e faça verdade
A sua fé, o seu querer.
Pois é sua a liberdade
De sonhar e de escolher.

"Pedi e recebereis"
-Palavra do Grande Ser.
Se ele disse, é uma lei.
É tão simples: Basta crer!

Águeda Mendes da Silva

Arte de Viver


Viver o presente,
É simplesmente
Reviver o passado:
Reajustado,
Pincelado,
Revestido, novo!

O futuro certamente
Será nesse presente,
Espelhado.
Reajustado,
Pincelado,
Revestido, novo!

Nada é surpreendente
para quem vive plenamente
Integrado,
Reajustado,
Pincelado,
Revestido, novo!

Águeda mendes da Silva
24/11/08

PROMESSA


Não quero ser
Na sua vida
Ou na sua estrada,
Uma ponte caída,
Uma porta fechada.

Não quero ser
Na sua alegria
Ou na sua dor,
Uma noite sem dia
Um coração sem amor.

Águeda Mendes da silva
28/02/09

APENAS AMOR


Eu quero você;
Sabe por que?
Apenas para:
Falar comigo,
Brigar comigo,
Dividir comigo,
Sorrir comigo,
Chorar comigo,
Viver comigo
E eu contigo.
Sabes o que é isto, amor?
É apenas amor!

Águeda Mendes da Silva
25/02/09

Dedicado ao meu esposo pelo Dia dos Namorados
Fazemos aniversário nesse dia do nosso conhecimento que deu início de tudo...
12/06/1960

BICHO-DE-PÉ


Um bichinho entrou no meu pé.
Que coceira! Que coceira!...
Saia bichinho do meu pé!
Que coceira! Que coceira!...

__ Menino, não fale besteira!
O seu pé não tem sugeira!
__Olhe aqui se é, ou não.
__Já olhei...É um batatão!...


Águeda Mendes da Silva

AS GARÇAS


No céu revolto,
Após a chuva,
Ora em manchas,
Ora em flechas,
Voam livres, as garças.

Fogem do ar
Quando a noite desce.
Já, no ourto dia,
Em festa e alegria,
Voam livres as garças.

Quisera eu tê_las
Suspensas no ar,
Enfeitando os céus
Como fitas e véus,
Voando livres, as garças!

Águeda Mendes da Silva

BALANÇO


Pra lá...Pra cá...
É o balanço de uma rede,
Balanço que mata a sede,
A sede do meu sonhar.

Pra lá...pra cá...
É meu pequeno descanso
Que faz doce, que faz manso
Meu momento pra sonhar.

Pra lá...Pra cá..
Um desejo vira mil,
Vendo o branco,o azul _anil
No céu do meu sonhar.

Pra lá...Pra cá...
Pena que seja curto
O balanço do insulto
Pra viver e pra sonhar!...

Águeda Mendes da Silva

ARVOREDO


O galho não cansa.
Dança, dança.
A folhagem acena.
Vem a passarada
E pousa, encantada,
Agasalhando as penas.

Nos tufos verdes,
Em graves acordes,
A cigarra zune.
Vem a formiga,
A abelha amiga
É um belo time.
Vêm borboletas
Em piruetas,
Bailando no ar.
Vêm colibris
Voando sutis,
Querendo beijar.

São os amadores
Das frutas, das flores
Que a árvore oferece.
Debaixo dela
Em rede singela,
Um homem adormece!

Águeda Mendes da Silva

Anum Branco


O choro do anum branco
Faz chorar o coração meu.
Chora ele, choro eu
Pela dor de uma saudade.

O seu canto o alivia,
Porque chora__ eu sei bem;
o que me falta, ele não tem.
Juntos, temos a saudade!

De correr pelas campinas,
Indo em busca de um pomar.
Eu e ele a cantar.
Ai, que doce saudade!

Saudade de um tempo bom,
Saudade do que ficou,
Saudade é o que restou
De uma infância em liberdade!

Águeda Mendes da Silva

TANTA COISA


Aprendi tanta coisa agora!
Tanta coisa...
Que eu não sabia outrora
Tanta coisa...
Que saber não é apenas saber
Tanta coisa!

Hoje eu sei que saber é criar
Tanta coisa...
Que saber não é só refalar
Tanta coisa.
Que saber
Não é apenas saber
Tanta coisa!

Só Um soube e sabe criar
Tanta coisa.
De ninguém copiou ou quis imitar
Tanta coisa.
Seu saber foi sempre saber
Tanta coisa,
E todas as coisas!

Águeda Mendes da Silva.

Além_Mar


Vou indo, vou indo, vou indo...
Assimilando o que a vida oferece.
Vejo o dia novamente surgindo,
Vejo o manto da noite que desce.

Vou indo, vou indo, vou indo...`
Sensível a tudo o que passa.
Só prazer e alegria sentindo,
Se não houvesse tanta desgraça!

Vou indo, vou indo, vou indo...
Como tudo na vida que vai.
O vigor e a alegria saindo
Como o riso, o pranto, e os ais.

Vou indo, vou indo, vou indo...
Como o aroma exalando no ar.
Pouco a pouco, também vou caindo
No infinito, no eterno além_mar!...

Águeda Mendes da Silva

Ainda Existe


Saiba que ainda existe,
Casa de palha, cabocla,
Violão de corda rouca
Pendurada na parede.
Tocador que pega e afina
A corda grossa, a corda fina
E toca na sua rede.

Violeiro e viola
Choram juntos, nessa hora
Suas mágoas, seus amores.
Espreitando na janela,
Sua dona aparece.
Sorrindo ela agradece
As trovas feitas pra ela!

Águeda Mendes da Silva

VIVER


Viver, é viver!
Viver pra valer.
Viver só por viver,
Para quê?

A vida, enfim, existe
Para a gente viver
E não para ter apenas
O dia!

De que nos adianta
Entrar na interação
E mostrar a nossa mão,
Vazia?

A vida será fútil
Se no conjunto universo
Não for , elemento imerso
E útil!

Águeda Mendes da Silva

UNIVERSO


Universo misterioso,
Grandioso é você!
Fale-me do seu passado
Soterrado assim, por quê?

Encontrei tudo aqui.
Deixarei tudo aqui.
De quem herdei
E a quem deixarei?

Esta Terra, este estágio
De busca, de procura,
Só prova a pequenez
Dos bilhões de criaturas;

Que exclamam a beleza,
Beleza do céu,
Beleza do mar..
Mas continua o véu
No olhar,
No raciocínio,
No fascínio da ciência
Que cada vez, é a inocência,
A resposta e o resultado.

Nos quatro cantos da Terra
Reproduzem os embriões...
No real, em ficções,
Controláveis, incontroláveis,
Os átomos se juntam, se separam...
Atomicidade!
Cada vez mais fecundantes
Na proliferação do bem do mal...
Radioatividade!
Afinal,
Quem é o homem?
Mortal ou imortal?
Por que veio?
Por que vai?
Para mim persiste o mistério,
Da origem,
Do seu final!...

Águeda Mendes da Silva

VIAGEM


Por várias trilhas caminhei
Intensamente, a vida inteira.
Sem desânimo, sem canseira
Atrás da felicidade.

No fim da caminhada, parei
Para rever toda a bagagem.
Percebi que minha viagem
Foi só procura, na verdade.

Em cada parte encontrei
Amostras do meu trabalho:
Havia pranto, havia orvalho,
Havia flores e saudade.

Ali mesmo ajoelhei-me
Para sentir cada momento,
Pois percebi que em todo tempo
Só recolhi, felicidade!

Águeda Mendes da Silva

ENVELHECER


Depois de querer
Avançar os horizontes,
Os montes,
Os mares,
Os rios,
O lago,
A fonte...
Passa-se a querer
Apenas os montes,
Os mares,
Os rios,
O lago,
A fonte...
Tão logo depois
Apenas os mares,
Os rios,
O lago,
A fonte...
De repente, nem rios...
Apenas o lago,
A fonte...
O lago que tranquiliza
É fé que não se cansa.
A fonte que vitaliza
Em jorradas de esperança!

Águeda mendes da Silva

TERRA SANTA


Não tenha nojo, filho,
De por os pés neste chão!
Olhe que é o mesmo piso,
Desde o mar até o sertão.

Ah! Se todos soubessem
Como é bom no chão pisar,
Com a palma da mão pudessem
Esta terra acariciar!

Respeite a terra, de fato.
Não a isole com muralha,
Pois nem Jesus usou sapato:
Simplesmente uma sandália!

Águeda Mendes da Silva

TELA DO TEMPO


Na tela do tempo,
Faço a pintura.
Com as cores da vida,
O acabamento.
Às vezes brilha,
Às vezes ofusca
Os detalhes sutis
Em seus movimentos.

Vem a moldura
E o quadro termina.
Parece perfeito,
Exposto assim.
A matéria-prima
Que fez a mistura
É, com efeito,
Cópias de mim!

Águeda Mendes da Silva

Poema Infantil


Arco_Íris

Depois de nublado
Num céu molhado
Ao riso do sol,
Quem foi que pintou
E nem assinou
Um quadro tão belo?

Arte que espelha
O arco da velha,
A aliança de Deus.
Quem foi que pintou
E tão lindo ficou
O arco_íris meu?

Águeda Mendes da Silva

Abraço


Um aperto, um toque leve,
Um carinho na afinação
Fazem tremer meu coração,
Ao soar o doce acorde.

Se o braço abraça o braço
E toca para o seu bem
A lágrima teimosa vem
Nesta face que disfarço.

Parece que estou de novo
Naquele velho sertão
Nos braços daquele povo
Que abraçava o violão!

Águeda Mendes da Silva

Salve o Mundo!


De todas as coisas
Belas do mundo,
É ter o mundo
E nele viver.

Estar num planeta
Com tanta riqueza
E a maior riqueza,
É nele viver.

Se não houvesse guerra
Nem cobiça no mundo,
Seria o mundo
Tão bom de viver!

Águeda Mendes da Silva

Cegueira


As horas correm,
Os dias morrem,
Os meses vêm e vão.
Eu vejo então
Que mais um ano se foi,
Também logo depois,
O seu sucessor.

Será que atento
A esse pequeno tempo
Que passa, eu estou?
Pois sei que vou
Por uma estrada que insiste
Em mostrar o belo eo triste,
Mas pouco vejo.

No meu jardim
A roseira cresceu;
Até floresceu
E eu não vi.
Que a ave botou,
A nihada chocou
E os filhotes voaram.

Que também lá fora
O vendaval devora
O que resta de puro...
E o homem inseguro,
Debate-se em vão.
Ninguém faz nada
Nessa geração violentada.
Nem você, nem eu!...

Águeda Mendes da Silva

Homenagem às Mães


MÃES, são como as manhãs
Em todas as estações:
Esperadas
Desejadas
Abençoadas.

Na Primavera,
Perfumam.
No verão,
Saciam.
No outono,
Multiplicam-se.
No inverno,
Aconchegam.

Mães, são como as manhãs,
Em todas as estações:
Dádivas Divinas...
Todas... Lindas!

Águeda Mendes da Silva
01/05/09

Meditação


__Mãe, hoje eu quero saber,
Por que o azul do céu.
Será que tem o memo véu,
O outro lado da terra?

__Filha, o azul apenas expressa
A grandeza do Senhor.
Ele fez com muito amor
O mesmo céu, pra todos nós.

__Mãe, onde foi se esconder
A estrelinha que piscava
E na janela me olhava,
Veio o dia, ela foi embora?

__Filha, ela foi adormecer
Com o sol, onde estiver,
Mas quando a noite vier.
Ela acorda pra você.

__Mãe, esse espaço infinito,
Esse azul tão bonito
É o céu do meu anjinho
E onde mora meu Deusinho?

__Filha, pode ser, pode não ser.
Eu só sei que belo é o céu.
Ele é dado como troféu
A quem no amor , sabe viver!

Águeda Mendes da Silva

AMIGO


Amigo é feito de doações.
É um bem adquirido
Que se acha no escondido
De tantas combinações.

Parece vir da magia
Do calor de um abraço,
Às vezes no embaraço
De um tropeço no seu dia.

Amigo é, na verdade,
Guardado no coração,
Onde se pode por a mão
Na distância e na saudade!

Águeda Mendes da Silva

BALANÇO


Pra lá...Pra cá...
É o balanço de uma rede,
Balanço que mata a sede,
A sede do meu sonhar.

Pra lá...pra cá...
É meu pequeno descanso
Que faz doce, que faz manso
Meu momento pra sonhar.

Pra lá...Pra cá..
Um desejo vira mil,
Vendo o branco,o azul _anil
No céu do meu sonhar.

Pra lá...Pra cá...
Pena que seja curto
O balanço do insulto
Pra viver e pra sonhar!...

Águeda Mendes da Silva

Ser Feliz


Ser feliz,é ser artista.
Ser feliz, é uma conquista.
Pois a vida é uma mistura
De prazer e armagura.

Se tudo é flor,
Que coisa boa!
Se for espinho,
Que coisa à-toa!
Eu abraço a coisa boa
E pisoteio a coisa à-toa.

Vejo que o que passou
Foi tão bom e nunca voltou.
Por isso vivo contente,
Todo o minuto presente.

Ser feliz, é ser feliz.
Sem ser mesmo o que se quis.
Aceitar a realidade,
É ter a felicidade.

Águeda Mendes da Silva

Semente da Vida


Essa vida é a semente
De outra, superior.
Seja com ela prudente
E não limite o seu amor.

Cuide bem da sua vida.
Maior zelo, dê a ela
Para que não seja despida
Ao longo da passarela.

Luz, trono, brilho,
Tudo esá reservado.
Por isso, não largue o trilho
Que leva ao reino sonhado!

Águeda Mendes da Silva

Retalhos de Amor


Cada amor deixa um retalho
Gravado no coração.
E só existe a explicação
De ser preciso ter retalhos.

Não existe amor a dois
Completo, feliz e perfeito;
Só existe aquele do jeito:
Retalho sobre retalho.

Retalho na falha do riso,
Retalho na falha de afeto,
Retalho na falha do gesto,
Retalho de falha em falha.

E, se vem o dissabor,
A fantasia do retalho,
Faz perfeito amores falhos,
Benditos retalhos do amor!

Águeda Mendes da Silva