quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O FILHO DO RIO

Brasigóis Felício

Modesto Gomes,
filho do rio e do tempo
lavrador dos signos
da palavra – das pedras
de Paraúna à cidadania
do mundo, sempre
em existir para a beleza
e a dignidade

Mestre em ser aberto e sensível
à lição cotidiana da fraternura
que recebeu dos pais
e de sua alma antiga

Desde menino aprendeu
a ser digno de receber
a riqueza de Ser o que se É
- dom que recebeu como herdade
de Floriano e Ordália
que levou como candelabro
colocado bem alto
em todo instante da sua vida

Em tudo Modesto Gomes
foi ao mesmo tempo
adulto e menino: adulto
na sustentabilidade da verdade,
menino em não perder a alegria cantante
de tudo o que vive.

Bom em doar-se incondicional
a quem precisava de atenção e afeto
como o sol e a chuva
- fez do existir um plantio desapegado
de gestos de bondade e amorosidade

Modesto franco,
Modesto alegre,
Modesto aberto
como os caminhos do rio
e a canção das pedras

II

Chamado à Fonte
de onde tudo nasce,
deixou, no planeta azul,
searas de amizade,
vergéis solidários
a inspirar confiança
no eterno devir da Vida

Assim, estará sempre vivo
entre os vivos, a lembrar
que tudo vale a pena,
quando não se tem
a alma pequena

Modesto estará
sempre por perto,
a lembrar que tudo nascido
merece viver e ser cuidado

E como Deus o chamou para si,
viajou para a eternidade,
deixando a lembrança
de ter merecido
o milagre de ter nascido.

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