Brasigóis Felício
Muitas vezes o que me deixa triste
É não poder jogar finca,
não soltar pipa
com os meninos da minha rua
Não ser leve de fardo,
viver atazanado, em vez
de sentir tesão pela vida
é o que me deixa à beira
de um ataque de nervos
É o que me constrange
a me ver tão estranho
no espelho dos anos
II
O que nos limita nesta vida
é esta carranca que nos faz
ser militantes do que nos limita
em guerras esfarrapadas
que não valem o dedal do alfaiate
O que nos impede
de conhecer o gozo de viver
é só viver no asco
das vísceras da vida
O que nos conduz
a viver longe da luz
é existir como mortos
no mundo normótico
Iríamos menos vezes
ao doutor psi
se soubéssemos ver e brincar
com a leveza de existir
O que nos torna
seres atrozes
com tromboses no espírito
e lordozes na alma
é só termos abertas
as veias da vida
para os gritos de desespero
na vastidão dos dias.
Por isto não milito:
militar me limita.
A ser prisioneiro
do inferno do medo,
prefiro confiar nos homens
“como um menino confia
em outro menino”.
Embriagar-me de vinho
ou de virtude, viver
brincando e rindo,
pois a vida não é séria.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
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