quarta-feira, 26 de novembro de 2008

AMOR CARUNCHADO

Brasigóis Felício

(Reverberando uma metáfora-matriz
de Ray Barros, poetisa psi)

Pessoas/personas
que estocam amor,
com os avarentos
escondem dinheiro
como hienas
da falsa prudência.

Quando, depois
de há muito estarem mortos
vestem o pijama de madeira
quando vão a queimar os colchões
mofados e afundados em ácaros

deparam-se com cédulas
como fezes ressecadas
São os dinheiros da velha avidez
que os fez reter os dons da vida
como se pudessem tê-los só para si mesmos

São as quantias da desvalidez
que a nada servem:
são como alimentos ou remédios
transformados em veneno:
perderam o prazo de validade.

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